Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

LINFOMAS NA AMAZÔNIA LEGAL: O IMPACTO DE UM DIAGNÓSTICO TARDIO

  • IA Praxedes,
  • IC Scharff,
  • CO Nascimento,
  • AC Garcia,
  • WF Silva,
  • IA Negri,
  • IA Negri,
  • IC Scharff,
  • DR Gonzaga,
  • VHS Reis

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S341

Abstract

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Introdução: Em regiões como a Amazônia Legal, o acesso à saúde e a disponibilidade de hematologistas é restrito, dificultando o diagnóstico e estabelecimento do tratamento. Partindo de um estudo epidemiológico prévio exposto na National Comprehensive Cancer Network, o qual demonstrou que os Linfomas não-Hodgkin (LNH) nesta região apresentam maiores taxas de subtipos agressivos, assim como um diagnóstico preponderantemente tardio. Esse estudo objetiva avaliar o impacto desse atraso na resposta ao tratamento. Materiais e métodos: Conduzimos um estudo comparativo, multicêntrico, retrospectivo, em uma regiao da Amazônia legal, com 2 grupos de amostras independentes. Identificamos 68 pacientes com diagnóstico de LNH, no período de 2019 até 2023, tendo realizado pelo menos 6 ciclos de terapia. Comparamos a resposta ao tratamento de pacientes diagnosticados em estágio inicial da doença (I e II) com pacientes classificados em estágios avançados (III e IV). Tendo como referência a nova classificação de Lugano, foram utilizados Biópsia de Medula óssea e TC para estadiamento e para avaliação da resposta TC e PET-TC. Resultados: Dos 68 pacientes com LNH analisados, 28 compuseram o grupo dos pacientes os quais foram diagnosticados em estágio I/II e 40 em estágio III/IV (41% vs. 59%, p = 0,016). Respectivamente, comparando a taxa de resposta ao tratamento entre os grupos, (92,8% vs. 20%) apresentaram Resposta Completa (RC), (3,6% vs. 40%) Resposta Parcial (RP) e (3,6% vs. 32,5%) Sem Resposta/Doença Estável (SD). Apenas o segundo grupo apresentou pacientes com Doença em Progressão (7,5%), assim como recidivados. Discussão: Observando o n total de pacientes do estudo, já é possível identificar a prevalência do diagnóstico tardio. A RC foi hegemônica nos pacientes em estágio I/II, enquanto que no grupo III/IV prevaleceu a RP. Analisando proporcionalmente os subtipos de LNH, o de Células T e Difuso de grandes células B (DGCB) foram diagnosticados mais precocemente. Enquanto que os linfomas de Burkitt e do Manto foram diagnosticados em estágios mais avançados. O de Zona Marginal esplênico apresentou a maior taxa de recidivas e o DGCB-Alto Grau o subtipo que menos respondeu ao tratamento. Conclusão: O diagnóstico do LNH em estágio mais avançado, assim como seu subtipo, foram fatores de impacto na resposta ao tratamento, diminuindo a probabilidade de uma resposta completa e aumentando a taxa de recidivas. Uma vez que o diagnóstico do LNH é precoce em 53% a nível Brasil, segundo dados do DATASUS, este estudo demonstra uma grande vulnerabilidade da saúde onco hematológica na região da Amazônia Legal.