Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

A INIBIÇÃO FARMACOLÓGICA DO EIXO IGF1R/IRS INDUZ EFEITOS ANTINEOPLÁSICOS EM MIELOMA MÚLTIPLO

  • GN Queiroz,
  • KC Lima,
  • LBL Miranda,
  • EM Rego,
  • F Traina,
  • JA Machado-Neto

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S397

Abstract

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Objetivo: O mieloma múltiplo (MM) é uma neoplasia hematológica caracterizada pela proliferação clonal de plasmócitos malignos que causam hipercalcemia, anemia, lesões osteolíticas, insuficiência renal, imunossupressão e apresenta altas taxas de recaída. O IGF1 induz proliferação e efeitos antiapoptóticos através da via PI3K/AKT e MAPK, mesmo em modelos de MM independentes de IL6, indicando que o eixo IGF1R/IRS1 desempenha um papel importante no desenvolvimento e progressão da doença. NT157 é um composto sintético que leva à inibição a longo prazo da sinalização IGF1R-IRS1/2. No presente estudo, nós avaliamos os níveis de expressão dos genes envolvidos no eixo IGF1/IGF1R/IRS1-2 em uma coorte de MM, assim como caracterizamos os efeitos da inibição farmacológica desta via, com NT157, em modelos celulares da doença. Material e métodos: Os dados de expressão de IGF1, IGF1R, IRS1 e IRS2 foram derivados de banco de dados AmaZonia! 2008. Análise do escore de dependência gênica foram gerados para 20 linhagens celulares distintas de MM pelo DepMap e obtidos do banco de dados MyeloDB. As linhagens celulares de MM, MM1.S, MM1.R, U266 e RPMI 8226, foram utilizadas. A viabilidade celular foi avaliada por ensaio de MTT, a clonogenicidade pelo ensaio de formação de colônias, a apoptose por citometria de fluxo e anexina V/PI e as vias de sinalização por Western blotting. Os testes de Spearman, Mann-Whitney ou ANOVA foram utilizados conforme apropriado. Valores de p < 0.05 foram considerados significativos. Resultados: Os níveis de RNAm de IGF1 e IRS1 foram aumentados nos pacientes com MM, enquanto os níveis de IGF1R e IRS2 foram reduzidos (p < 0.05). Foi observada uma correlação positiva entre os níveis de IGF1R e IRS2 (r = 0.38, p = 0.03). A fosforilação de IGF1R foi observada nas células MM1.S e MM1.R, sendo a expressão do receptor observada também nas células RPMI 8226. A expressão de IRS1 foi observada em todas as linhagens celulares. A expressão de IRS2 foi observada nas células MM1.S, MM1.R e RPMI 8226. O escore de dependência foi 0.032 para IGF1, -0.519 para o IGF1R, -0.503 para o IRS1 e -0.455 para o IRS2. O tratamento com NT157 reduziu de forma dependente de tempo e de concentração a viabilidade celular de todos os modelos avaliados. Foram observadas também redução dependente de concentração da formação de colônias e indução de apoptose nas células de MM (p < 0.05). No cenário molecular, o NT157 induziu marcadores de apoptose (clivagem de PARP1), dano em DNA (γH2AX) e estresse celular (p-ERK1/2) e reduziu proteínas associas à síntese proteína (p-RPS6) em células MM1.S e U266. Em células MM1.S foi observada uma redução da fosforilação de IGF1R, STAT3 e STAT5. Os níveis de IRS1 foram reduzidos em células U266. Discussão e conclusão: A eixo de sinalização IGF1/IGF1R/IRS é diferencialmente ativado em células de MM, sendo que a análise de dependência gênica sugere que a presença do receptor e das proteínas adaptadoras intracelulares são mais importantes que o IGF1 autócrino, provavelmente que esse pode ser obtidos de fontes parácrina. A inibição farmacológica do IGF1R/IRS1 apresentou efeitos antineoplásicos marcantes em modelos celulares de MM. A análise molecular, sugere uma maior complexidade da ação do NT157 frente ao repertório de alvos expressos em cada modelo celular e merece futuras investigações. Apoio: FAPESP, CNPq e CAPES.