A pandemia gerou impactos sociais e econômicos, como o trabalho informal dos que se ocupam do serviço de café de rua, ampliado na retomada pós isolamento. O artigo analisa as significações construídas pelas instalações do serviço nas ruas de São Paulo (SP) e Vitória (ES), enquanto manifestações do empreendedorismo por necessidade. O corpus foi coletado em dias úteis, no início das manhãs, em diversos pontos das capitais. A semiótica discursiva sustenta a análise e seu método permitiu traçar isotopias conectoras de figuras e temas. Os resultados apontam para a comunicação dos sentidos da informalidade, casualidade e familiaridade, marcados pela presença feminina, pela autonomia imposta aos sujeitos produtor/vendedor e consumidor e pela conexão entre a energia dada pela bebida e o trabalho. Esses significados vêm embebidos no risco vivido por esses sujeitos, aconchegados entre si e alijados da proteção de políticas públicas de trabalho, condições sanitárias, serviços de transporte e saúde.