Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

CICATRIZAÇÃO DE ÚLCERAS DE PERNAS EM PACIENTES FALCIFORMES: REVISÃO DE LITERATURA

  • MNCS Almeida,
  • ACVC Lisboa,
  • GRM Rocha,
  • IEC Sousa,
  • IRM Alves,
  • JIC Sales

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S1047

Abstract

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Introdução: A anemia falciforme é uma doença hereditária caracterizada pela presença de células vermelhas do sangue em formato de foice, conhecidas como células falciformes ou drepanocitos. Essa condição afeta milhões de pessoas em todo o mundo, principalmente aquelas com ancestralidade africana. Além dos desafios de saúde enfrentados por esses indivíduos, como anemia hemolítica crônica e crises álgicas intensas e recorrentes, estudos evidenciam a dificuldade de cicatrização de úlceras de perna em pacientes com anemia falciforme. Objetivo: Descrever os principais aspectos no processo de cicatrização em indivíduos com anemia falciforme e avaliar a influência da hipóxia local na dificuldade da cicatrização de feridas desses pacientes. Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura, e o levantamento das informações foi realizado por meio de pesquisa nas bases de dados científicas SciELO e PubMed, utilizando palavras-chave como “doença falciforme”, “cicatrização”, “úlcera de perna” e “fisiopatologia”. Para os critérios de inclusão, foram selecionadas publicações dos anos de 2008 a 2024, com prioridade para ensaios clínicos e estudos observacionais. Resultados e discussão: A cicatrização de feridas é um processo complexo e cuidadosamente orquestrado que envolve uma série de eventos celulares e moleculares, como a ativação de queratinócitos, fibroblastos, células endoteliais, macrófagos e plaquetas. No entanto, em pacientes com anemia falciforme, esse processo pode ser agravado e comprometido devido às características peculiares das células falciformes e às alterações fisiológicas associadas à doença, interrompendo o estágio inflamatório da cicatrização. Essas peculiaridades incluem a fragilidade e deformabilidade das células falciformes, a aderência aumentada dessas células aos vasos sanguíneos causando vaso-oclusão e a redução do fluxo sanguíneo local retardando o processo de cicatrização. Ademais, a deformidade das células vermelhas do sangue reduz a capacidade de transporte de oxigênio, levando a um suprimento inadequado de oxigênio para a área da ferida. Isso resulta em um ambiente hipóxico que compromete a atividade das células envolvidas na cicatrização, como os fibroblastos, que são responsáveis pela produção de colágeno e outros componentes essenciais para a regeneração tecidual. Conclusão: Portanto, a dificuldade de cicatrização resulta da complexa fisiopatologia da doença falciforme, que predispõe os pacientes a um processo inflamatório comprometido e à isquemia, levando a uma cicatrização lenta. Isso gera desafios clínicos significativos e afeta a qualidade de vida dos pacientes em várias dimensões. Essa situação acentua a necessidade de abordagens terapêuticas e de suporte que considerem tanto os aspectos físicos quanto os psicossociais da condição.