Brazilian Journal of Infectious Diseases (Sep 2022)
PREVALÊNCIA E CUSTOS DIRETOS RELACIONADOS AO MANEJO DA DENGUE NA SAÚDE PRIVADA DO BRASIL
Abstract
Introdução: Existe uma relação entre baixo nível sócio econômico e elevado risco de dengue. O sistema Brasileiro de Saúde Suplementar atende cerca de 25% da população do país. Essa parte da população tem um nível social mais elevado e apesar da crescente participação como sistema complementar de saúde, dados de hospitalizações por dengue no setor privado são raros. Objetivo: Avaliar a prevalência e custos do manejo da dengue em usuários do sistema de saúde suplementar de uma base de dados de 14 operadoras de saúde do Brasil. Método: Estudo observacional, retrospectivo com base de dados secundária. Foram selecionados casos de dengue com CID-10 A90 ou A91 de janeiro de 2015 a dezembro de 2020. Casos com CID-10 de doenças com diagnóstico similar a dengue até 3 semanas após foram excluídos. A prevalência foi calculada dividindo-se o número de casos pela população de usuários do ano. Os custos foram corrigidos pela inflação de dezembro de 2021 e avaliados por medidas de tendência central e dispersão. Resultados: Foram incluídos 63.882 beneficiários distintos e um total de 64.186 casos, sendo que o ano com maior prevalência foi 2015 (1,6% dos pacientes que utilizou o plano de saúde). Houve também um aumento de casos em 2016 e 2019. A mediana de tempo de internação foi 4 dias (IIQ 3 – 5) e o custo mediano por internação variou de R$2.712,78 em 2015 a R$3.887,61 em 2020. A maioria dos casos utilizou o pronto-socorro como entrada e o custo mediano de pronto socorro variou de R$545,58 em 2015 a R$659,33 em 2017. Conclusão: O aumento de casos em 2015, 2016 e 2019 foi consistente com o panorama epidemiológico do país. Esses dados de vida real evidenciam que existem outros fatores além do socioeconômico no risco da doença e que houve um aumento do custo do manejo da dengue no sistema privado ao longo dos anos. Esses dados podem auxiliar em estudos de saúde e economia que visem estimar o impacto de medidas de prevenção e controle.Ag. Financiadora: Takeda Pharmaceuticals Brazil.