Arquivos de Neuro-Psiquiatria (Mar 1993)

Meningite bacteriana no período neonatal evolução clínica e complicações em 109 casos: clinical evolution and complications in 109 cases

  • Rubens Feferbaum,
  • Flávio A. C. Vaz,
  • Vera L. Jornada Krebs,
  • Edna M. de Albuquerque Diniz,
  • Sônia R. T. S. Ramos,
  • Antranik Manissadjian

DOI
https://doi.org/10.1590/S0004-282X1993000100012
Journal volume & issue
Vol. 51, no. 1
pp. 72 – 79

Abstract

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As meningites bacterianas apresentam características peculiares durante o período neonatal. A infecção bacteriana que se assesta no SNC, em fase rápida de crescimento, ocasiona complicações e sequelas graves, na maioria das crianças que contraem a doença, prejudicando seu desenvolvimento neuropsicomotor. A análise de 109 crianças com meningite bacteriana neonatal no período janeiro/1977-abril/1987 demonstrou mortalidade de 34,8%. Na maioria dos casos não foram observados fatores de risco relacionados a antecedentes peri-natais e 80,5% dessas crianças foram caracterizadas como recém-nascido de termo. Os sinais mais encontrados à internação foram convulsões (53,2%), fontanela abaulada (37,6%) e apnéia (20,2%); os sintomas mais frequentes foram depressão sensorial (64,2%), recusa alimentar (64,2%), febre (50,5%) e irritabilidade (35,8%). As complicações verificadas durante a internação foram, por ordem de frequência, ventriculite (34,9%), SSIHAD (27,5%), coleção subdural (8,3%), abscesso cerebral (4,6%) e enfarte cerebral (2,8%). A presença de SSIHAD e de ventriculite foram associadas a maior mortalidade. Das 71 crianças que sobreviveram à doença 44 (62%) apresentaram-se com exame neurológico alterado e 29 (40,8%) com hidrocefalia que exigiu a instalação de sistema de derivação ventrículo-peritoneal em 18 (62%) dos casos. O seguimento neurológico dessas crianças é imprescindível, pois poderá haver modificação no prognóstico a longo prazo.

Keywords