Revista Brasileira de Geomorfologia (Apr 2020)

DINÂMICA GEOMORFOLÓGICA DE SÃO JOSÉ DOS AUSENTES (RS) NO QUARTENÁRIO TARDIO: EVIDÊNCIAS EM PALEOFUNDO DE VALE DE BAIXA ORDEM HIERÁRQUICA

  • Josielle Samara Pereira,
  • Julio Cesar Paisani,
  • Sani Daniela Lopes Paisani

DOI
https://doi.org/10.20502/rbg.v21i2.1638
Journal volume & issue
Vol. 21, no. 2

Abstract

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O presente artigo traz resultados referentes à dinâmica geomorfológica de São José dos Ausentes (RS) no Quaternário tardio, através de registros estratigráficos em paleofundo de vale de baixa ordem hierárquica colmatado. Para o referido estudo, adotou-se, conjuntamente, os critérios lito-, pedo-, alo- e cronoestratigráfico na seção estratigráfica representativa de seus materiais, bem como análises de isótopo estáveis do carbono e fitolítica. Estabeleceu-se a geocronologia pelos métodos de luminescência oticamente estimulada e 14C. A arquitetura da seção estratigráfica revelou três sequências coluviais, respectivamente do topo para a base: sequência coluvial superior pedogenizada, sequência coluvial intermediária e sequência coluvial basal; e uma sequência pedogenética hidromórfica, que se refere ao paleossolo hidromórfico localizado na base da seção. Ao todo foram individualizados 27 níveis pedoestratigráficos além da alterita de riolito. Constatou-se que durante o Último Interestadial (> 25.000 anos AP) a paisagem esteve em equilíbrio dinâmico, com dominante atuação da pedogênese, sob condições paleoambientais similares à moderna. Posterior a esse período houve a atuação da morfogênese atuando de maneira contínua, gerada pela intercalação entre, movimento de massa e escoamento superficial. O movimento de massa foi responsável pela sedimentação do fundo de vale. A partir de 19.150 anos AP a sedimentação perdeu intensidade e passou a predominar a erosão, como se observa através de incisão erosiva linear (paleovoçoroca) que truncou o material coluvial da seção estratigráfica. Após essa fase de erosão mecânica, a morfogênese retorna a registrar sedimentação comandada pelo escoamento superficial. A partir de 4.860 anos AP a morfogênese continuou atuando, dando origem à sequência coluvial superior, porém perdeu vigor favorecendo a melanização dos materiais propiciando a formação de epipedon, bem como deixou na paisagem uma morfologia similar à encosta suavemente inclinada para o eixo de baixa ordem hierárquica moderna. Diante do quadro evolutivo do paleofundo de vale entende-se que os fenômenos de pedogênese e morfogênese registrados expressam a dinâmica pela qual passou a paisagem geomorfológica de São José dos Ausentes (RS).

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