Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

ANÁLISE DA FREQUÊNCIA DOS ANTÍGENOS C, E E KEL 1 EM DOADORES RH(D) NEGATIVOS DE UM HEMONÚCLEO FEDERAL NO RIO DE JANEIRO

  • MM Rocha,
  • MFM Silva

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S869 – S870

Abstract

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Introdução: Na prática transfusional diferenças genéticas entre doador e receptor podem resultar na formação de anticorpos. Os eritrócitos transfundidos podem conter em sua membrana antígenos que estão ausentes nas hemácias do receptor, levando a uma resposta imunológica. Assim, se torna importante a identificação da presença ou ausência destes antígenos através da fenotipagem eritrocitária. A presença do antígeno D classifica o indivíduo como sendo Rh(D) positivo enquanto a ausência determina o Rh(D) negativo. O sistema Rh é composto por antígenos altamente polimórficos e imunogênicos. Os cinco principais são: D,C, c, E e e. Em indivíduos Rh(D) negativos, os antígenos C e E são menos comuns e frequentemente estão associados às reações transfusionais e aloimunização, assim como o antígeno K1 do sistema Kell. A legislação hemoterápica preconiza a identificação destes antígenos em doadores Rh(D) negativos. Fenotipar os doadores, evitando transfundir o CH positivo para estes antígenos em pacientes politransfundidos ou que iniciarão regime de transfusão crônica, mulheres em idade fértil e crianças, ajuda a garantir que o sangue transfundido seja compatível com o receptor promovendo uma maior eficácia da transfusão e segurança do procedimento. Objetivo: Verificar a frequência dos antígenos C, E e Kel 1 em doadores Rh(D) negativos no período de janeiro de 2021 a dezembro de 2023. Materiais e métodos: Estudo retrospectivo, descritivo simples. Dados obtidos através do sistema Hemovida e analisados através de planilha do Microsoft Excel. Avaliou-se a fenotipagem dos antígenos C,c,E,e/K1 dos doadores Rh(D) negativos por meio da metodologia em gel (Bio-Rad) no período de janeiro 2021 a dezembro 2023. Resultados: Num total de 522 doadores Rh(D) negativos que tiveram fenótipo específico definido, 293 (56,1%) pertenciam ao grupo O; 166 (31,8%) ao grupo A; 49 (9,4%) ao grupo B e 14 (2,7%) ao grupo AB. Destes, 65 (12,4%) apresentaram CDE+, sendo (34O, 21A, 6B e 4AB). Foram identificados 6 (1,1%) doadores positivos para o antígeno K1 (3A, 2O, 1B). A distribuição dos fenótipos foi a seguinte: 53 (81,5%) dCcee (29 O, 15A, 5B e 4AB); 11 (17%) dccEe (5O, 5A, 1B) e 1 (1,5%) dCcEe do grupo A. Vale ressaltar, que todos os doadores deste estudo foram positivos para os antígenos c e e. Com fenótipo CDE negativo foram identificados 457 (87,6%). Discussão: Com estes dados foi possível observar que o fenótipo predominante é CDE negativo, conforme descrito em literatura. O fenótipo ce é bastante comum em negros e caucasianos. O antígeno C foi mais frequente que o antígeno E, resultado que demonstra semelhança com um estudo realizado por Guedes et al. (2021) no Sul do país. O haplótipo dCE apresentou baixíssima frequência assim como o antígeno K1. Apenas 2,3% dos doadores RhD negativos apresentaram os haplótipo dcE ou dCE, resultado similar aos estudos realizados em outras regiões do país. Conclusão: Este estudo destaca a importância da compatibilidade fenotípica para os antígenos C, E e K1 permitindo um gerenciamento adequado do estoque, afim de garantir que o CH positivo para a presença destes antígenos seja utilizado em receptores Rh(D) negativos que tenham configuração antigênica semelhante ao doador, prevenindo a aloimunização.