Revista do Instituto Florestal (Jun 2011)
Efeitos de diferentes estruturas de vegetação ciliar sobre as variáveis de microclima e a sensação de conforto térmico. Effects of different riparian vegetation structures on microclimatic variables and sensation of thermal comfort.
Abstract
A vegetação natural junto aos corredores fluviais desempenha diversos papéis no controle e na qualidade ambiental de uma região, sendo uma das suas atribuições o estabelecimento de condições adequadas de controle climático. Sem dúvida, cada estrutura de vegetação ciliar deve apresentar um grau de eficiência para tal função. No entanto, quais são as diferenças de respostas entre diferentes tipos de estrutura? Com o propósito de contribuir para uma resposta, este estudo discute as variações microclimáticas a partir da avaliação das relações existentes entre cinco variáveis climáticas em três diferentes perfis fisionômicos de vegetação, (vegetação arbórea densa, vegetação arbórea rarefeita e campo) contíguos ao Ribeirão Cachoeira (Campinas, SP, Brasil). Dados de radiação solar, temperatura do ar e de globo, umidade relativa e velocidade do vento, além da temperatura da água, foram obtidos para cada perfil estudado, durante três dias, nos horários de maior insolação (das 8h às 16h), a três diferentes distâncias do curso de água ao longo dos perfis, no verão e no inverno. Como indicador do conforto térmico, foi calculada a Temperatura Fisiológica Equivalente (PET), para três horários, nas diferentes situações estudadas. Os resultados evidenciaram a importância da presença e tipo de estrutura da vegetação principalmente na atenuação da radiação solar e seu papel predominante no controle da temperatura e da umidade relativa do ar nas duas estações do ano. A atenuação da radiação solar atingiu 97% em estrutura florestal e 83% em capoeiras; a umidade relativa variou, no verão, de 85% a 100% na estrutura florestal, e entre 40% a 75% na estrutura campestre. Diferenças na temperatura ambiente de até 12,2 ºC foram observadas entre a estrutura florestal e a estrutura campestre, no inverno. A amenização da temperatura da água em sistema florestado chegou a ser 3 ºC em comparação à temperatura da água em sistema campestre. O índice PET indicou ambiente termicamente confortável em quase todos os horários para a estrutura florestal, ao passo que situações favorecedoras de estresse por calor foram observadas na estrutura campo com estrato herbáceo contínuo, em todos os horários no verão.Natural vegetation along river corridors plays an important role in the control and environmental quality of a region, since it establishes appropriate conditions for climate control. Undoubtedly, each structure of riparian vegetation should to a certain degree provide efficiency for such a role. However, what are the differences in responses between different types of structure? With the aim of contributing to a response, this study discusses the microclimatic variations based on the evaluation of the relationship between four climatic variables in three different vegetation physiognomy profiles, adjacent to Ribeirão Cachoeira (Campinas, Brazil). Data of solar radiation, air and globe temperature, relative humidity and wind speed, as well as water temperature were obtained for each profile studied for three days, in hours of higher solar radiation (from 8 am to 16 pm), at three different distances from the watercourse along the profiles, in summer and winter.As an indicator of thermal comfort, the Physiological Equivalent Temperature (PET) wasassessed for three schedules, in the different situations studied. The results show the importance of the presence and type of vegetation structure mainly in the attenuation of solar radiation and its predominant role in controlling the temperature and relative humidity in the two seasons. The attenuation of solar radiation reached 97% in forest structure and 83% in secondary forests; the relative humidity varied in summer from 85% to 100% in forest structure and between 40% and 75% in the secondary forests. Differences of up to 12 ºC were observed between forest structure and herbaceous field. The temperature of the water system in the forest structure was softened in up to 3 oC in comparison with the water temperature in the herbaceous field. The PET indicated thermally comfortable environment in almost all times for the forest structure, while situations of heat stress were observed in the structure C, with the continuous herbaceous field, at all times in the summer.
