Reflexão & Ação (Jan 2010)

“- Ela é nossa prisioneira!” – Questões teóricas, epistemológicas e ético-metodológicas a propósito dos processos de obtenção da permissão das crianças pequenas em uma pesquisa etnográfica / - She’s our prisoner! – Theorical, epistemological, ethival and methological issues about young children's assent to ethnograpic research

  • Manuela Ferreira

Journal volume & issue
Vol. 18, no. 2
pp. 151 – 181

Abstract

Read online

Subscrevendo os pressupostos da abordagem da Sociologia da Infância que considera as crianças como actores sociais e advoga a etnografia como uma metodologia útil para fazer ouvir as vozes das crianças na produção de dados sociológicos (James & Prout 1990), reflectem-se neste texto algumas questões epistemológicas, teóricas, metodológicas e éticas inerentes à experiência no terreno com um grupo de crianças dos 3-6 anos, durante um ano lectivo, num Jardim de Infância (JI) localizado em meio urbano. A abordagem do princípio teórico e ético da obtenção do consentimento informado e da sua prática junto de crianças pequenas, visa discutir as tensões e os limites entre aquela noção e a de assentimento no decurso da observação participante. A análise de algumas configurações que o assentimento e as recusas por parte destas crianças podem assumir ao longo da pesquisa, procura evidenciá-locomo um processo contingente, heterogéneo e dependente da relação social de investigação que vai sendo construída bem como das interpretações que as crianças tecem acerca da pessoa da investigadora.Abstract Subscribing the Sociology of Childhood approach that considers children as social actors and advocates ethnography as an useful methodology to let children´s voices to beheard in sociological data production (James & Prout 1990), this text reflects about some epistemological, theoretical, methodological and ethical issues inherent to field work with children aged from 3-6, taken during a school year in a kindergarten located in urban area.Focusing on the theoretical and ethical principle of informed consent and its practice with young children, the text discusses tensions and boundaries between this principle and the one of assent in the course of participant observation. The analysis of children’s assents andrefusals and the configurations that may take over the research, seeks to show the assent processes as contingent, heterogeneous and dependent on the social relations built on research context as well as interpretations that children weave about the person of the researcher.

Keywords