Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

TROMBOFILIA GENÉTICA EM PACIENTE COM MÚLTIPLOS EPISÓDIOS DE TROMBOSE VENOSA PROFUNDA E COMORBIDADES: RELATO DE CASO

  • MVL Stela,
  • MAF Chaves,
  • MF Barros

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S617

Abstract

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Paciente do sexo feminino, 62 anos, em investigação de trombofilia devido a episódios de Trombose Venosa Profunda (TVP) no Membro Inferior Esquerdo (MIE) ocorridos em 2021, 2023 e 2024. A paciente apresenta Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) e dislipidemia, além de tabagismo ativo de 5‒6 cigarros por dia desde 2021. Nega etilismo. A paciente está em investigação de trombofilia devido a três eventos trombóticos prévios no MIE, o mais recente há um mês. Refere dor persistente na coxa e pé esquerdo, com edema, sem piora desde a última consulta. Hábitos fisiológicos preservados, nega febre e outras queixas. Ao exame físico, apresenta no MIE: edema ++/4+ até a raiz da coxa, leve hiperemia, pulso pedioso filiforme, sem pulso tibial posterior palpável; e no Membro Inferior Direito (MID): sem edema, pulsos pediosos e tibiais posteriores simétricos e cheios, tempo de enchimento capilar < 2s. A paciente teve três episódios de TVP no MIE não provocados, sugerindo possível trombofilia ou condição paraneoplásica. A presença de uma lesão na vesícula observada no USG de 2021 levanta suspeita de neoplasia. A diabetes mellitus tipo 2 está descompensada, evidenciada por HbA1c de 12,4%. Em exame complementar, apresentou resultado de presença da mutação G20210A no gene da protrombina em heterozigose e ausência da mutação G1691A do Fator V de Leiden. Ambas as mutações são causas genéticas comuns de trombofilia hereditária, aumentando o risco de desenvolvimento de coágulos sanguíneos através de mecanismos diferentes. A detecção da mutação G20210A no gene da protrombina em heterozigose confirma a predisposição genética para trombofilia nesta paciente. Esta mutação aumenta os níveis de protrombina (fator II), resultando em maior geração de trombina e consequente formação de coágulos. A ausência da mutação G1691A do Fator V de Leiden indica que a trombofilia da paciente é primariamente relacionada à mutação da protrombina. Os eventos trombóticos recorrentes no MIE e a presença de fatores de risco adicionais, como DM2 descompensada, dislipidemia e tabagismo, reforçam a necessidade de um manejo rigoroso e multidisciplinar. Portanto, o quadro clínico e os achados laboratoriais sublinham a importância de um acompanhamento contínuo e a necessidade de intervenções terapêuticas personalizadas para prevenir futuros eventos trombóticos e manejar adequadamente as comorbidades associadas.