Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

SOROPREVALÊNCIA DE SÍFILIS EM DOADORES DE SANGUE NO HEMOCENTRO COORDENADOR DO ESTADO DO ACRE

  • JA Kitano,
  • DC Smielewski,
  • RCA Carvalho,
  • LHL Bastos,
  • RNA Jesus,
  • ADRAS Benevides,
  • IMS Lima,
  • TCP Pinheiro

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S817 – S818

Abstract

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Introdução/objetivos: A Sífilis, infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum, apesar de ser uma doença de notificação compulsória desde 2010, ainda sofre com as subnotificações, por muitas vezes ser assintomática e não ser corretamente diagnosticada. Os rigorosos protocolos de triagem e testagem dos serviços de hemoterapia desempenham papel fundamental para a prevenção de novas infecções por via transfusional. Este estudo teve como objetivo descrever a prevalência de soropositividade para sífilis em doadores de sangue e o perfil epidemiológico destes doadores no Estado do Acre. Material e métodos: Foi realizado um estudo do tipo observacional retrospectivo, com dados secundários obtidos do sistema de informação utilizado no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Acre (Hemoacre), das doações ocorridas no período de 01/01/2019 a 30/06/2023. Foram incluídas as variáveis idade, cor autodeclarada e sexo, foi também realizada a análise descritiva dos dados. Resultados: Foram obtidos dados das 53.174 doações de sangue do período do estudo. As doações foram testadas para sífilis pelos métodos de quimioluminescência (CMIA), teste treponêmico até novembro de 2022, ou VDRL, teste não treponêmico, a partir de dezembro deste mesmo ano. Foram registrados 1.009 (1,9% do total) casos, sendo 1000 (99%) positivos e 9 (1%) inconclusivos. Dos 1000 casos positivos, 180 (18%) foram reagentes pelo método de CMIA e 820 (82%) por VDRL; todos os casos inconclusivos foram por CMIA. A média de idade dos doadores inaptos por este marcador foi de 32 anos, com 40,64% do sexo feminino e 59,36% do sexo masculino. A maioria dos doadores (98,6%) se autodeclarou de cor branca. A análise anual das prevalências dos casos foi a seguinte: em 2019 (1,54%), 2020 (1,76%), 2021 (2,06%), 2022 (1,80%) e em 2023 (2,54%). Discussão: Conforme os dados do Boletim Epidemiológico de Sífilis de 2021 divulgado pelo Ministério da Saúde, foram notificados 205 mil novos casos no ano de 2020, demonstrando um aumento significativo em relação aos anos anteriores. Segundo os dados obtidos neste estudo, pode-se observar um aumento na prevalência de reatividade para sífilis no Hemocentro de Rio Branco nos últimos anos, sendo mais expressivo nos anos de 2021, com prevalência de 2,06%, e 2023, com prevalência de 2,54%. O perfil epidemiológico dos doadores inaptos por este marcador (jovens, brancos e do sexo masculino) seguiu resultados obtidos em pesquisas da região Sul onde a prevalência também foi mais expressiva em adultos jovens, porém, em sua maioria, mulheres. A metodologia de quimioluminescência foi recentemente adotada para a análise da sorologia para Sífilis no HEMOACRE, substituindo o método VDRL no mês de dezembro de 2022. A nova metodologia deve ser considerada ao analisar o aumento de positividade para Sífilis no último ano, dada a maior especificidade do teste treponêmico. Este achado também foi observado em uma pesquisa que analisou a mesma troca de metodologia em um hemocentro no estado do Pará. Conclusão: Monitorar a prevalência da sífilis em doadores de sangue é importante para a elaboração de políticas para a garantia da qualidade dos hemocomponentes doados. Mais estudos são necessários para a avaliação da tendência de aumento neste marcador, assim como comparar as duas metodologias no serviço.