Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

IMPACTO DOS FATORES SOCIOECONÔMICOS NA DOAÇÃO DE SANGUE NO BRASIL: UMA COMPARAÇÃO COM O CENÁRIO MUNDIAL

  • MB Araujo,
  • JFG Blitzkow,
  • MN Goularte,
  • GS Gaio,
  • VM Molon,
  • MEDES Rosa,
  • LR Damasceno,
  • MV Anton,
  • DGB Araujo

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S1147 – S1148

Abstract

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Introdução: Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 1,4% da população brasileira doa sangue, adequando-se à recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 1-3% da população de cada país ser doadora. Porém, observam-se disparidades na captação de sangue no Brasil, deixando hemocentros em alerta de estoque. Para ampliar o recrutamento de potenciais doadores, é imprescindível compreender as barreiras e fatores socioeconômicos envolvidos, além de avaliar condições determinantes no processo de doação. Objetivo: Analisar os principais fatores socioeconômicos envolvidos no processo de doação de sangue e o perfil predominante dos doadores e não doadores. Materiais e métodos: Revisão integrativa de literatura a partir dos descritores em saúde (Socioeconomic Factors, blood donation, Blood donors) nos últimos 10 anos, nas bases de dados PubMed, Scielo e LILACS. Resultados: No período, encontramos 108 artigos publicados. Destes, 102 foram excluídos por não se enquadrarem nos critérios de elegibilidade. Seis foram incluídos nesta revisão, avaliando fatores socioeconômicos da doação de sangue no Brasil (n = 4), nos Estados Unidos (n = 1) e na União Europeia (n = 1) por meio de inquérito populacional e análises secundárias de resultados obtidos. No Brasil, a prevalência de doadores constitui-se por homens, brancos, de meia-idade, com nível educacional e socioeconômico médio-elevado. Condições médicas, falta de tempo e de informação mostraram-se os maiores empecilhos para a doação. Nos Estados Unidos, a idade, etnia e localização geográfica foram os fatores mais influentes na doação, sendo os indivíduos jovens, brancos, nativos e moradores de locais, com maior acesso a centros de coleta. Indivíduos do sexo masculino, graduados e praticantes de atividade física também se mostraram parte deste grupo. Na Europa, evidenciou-se o predomínio do ato entre indivíduos homens (apesar da diminuição da disparidade de gênero ao longo dos anos), casados, de meia-idade, empregados e de maior nível de escolaridade, além do aumento no número de doadores provenientes de zonas rurais. Discussão: Homens, de maneira geral, doam sangue mais frequentemente do que mulheres, o que pode ser atribuído às diretrizes de doação que garantem segurança do doador, como peso mínimo, gravidez e níveis de hemoglobina, que diminuem a chance de novas doações pelas mulheres. Maiores índices de escolaridade se traduzem em melhores taxas de doação, devido à disseminação de conhecimento e conscientização eficaz sobre a doação de sangue. Já menores condições financeiras, implicam em doações menos frequentes. No Brasil, negros doam menos, o que reflete o cenário do país, onde a etnia negra possui menor status social e econômico. Por mais que a taxa de doação de indivíduos de meia idade seja a maior, observa-se constante aumento no número de doadores de sangue mais jovens. Os doadores tendem a ser empregados, residentes de regiões urbanas, além de casados e possuírem boa autopercepção de saúde. Conclusão: Os resultados revelam importantes fatores a serem considerados para o aumento da doação de sangue no Brasil. A realização de campanhas direcionadas aos potenciais doadores, juntamente à políticas públicas, podem oportunizar a diversificação deste perfil, incluindo mulheres, jovens e estudantes, além de diminuir as disparidades envolvidas na doação de sangue.