PERFIL DE ATENDIMENTOS EM UM AMBULATÓRIO DE ENSINO NA ÁREA DE HEMATOLOGIA EM MINAS GERAIS

Abstract

Objetivo: Descrever o motivo de encaminhamento e o perfil epidemiológico dos pacientes atendidos em um ambulatório de ensino na área de hematologia. Materiais e métodos: Estudo retrospectivo observacional transversal com análise de atendimentos hematológicos encaminhados pela prefeitura municipal de Juiz de Fora/Sistema de Regulação (SISREG) - Sistema Único de Saúde (SUS), entre fevereiro/2023 a junho/2024. Os critérios de inclusão foram: atendimentos regulados pelo SISREG de primeira consulta e exclusão: consultas de retorno e reagendamentos. As variáveis analisadas foram: sexo, idade, procedência e motivo do encaminhamento. Os dados coletados foram extraídos do relatório enviado pelo SISREG e pelo sistema de prontuários do ambulatório (TASY®). Os pacientes foram atendidos por um único examinador. As análises descritivas quanto à frequência absoluta e relativa de cada variável foram realizadas pelo software Microsoft Excel®. Resultados: No período de fevereiro/2023 a junho/2024 foram ofertadas ao SISREG, 236 vagas para atendimento hematológico. Aplicado os critérios de inclusão e exclusão foi observado uma taxa de absenteísmo de 27,12%, 26,69% eram consultas de retorno, foram excluídas 2 consultas (0,85%) devido a motivo de remarcação. A amostra final foi composta por 107 (45,34%) pacientes, 52,34% eram do sexo feminino, em relação à idade: foram atendidos pacientes entre 10 meses e 88 anos (idade média de 29 anos e 1 mês). O intervalo com maior contingente de pessoas foi de 0-10 anos, com 39 pacientes (36,45%), seguido pelos intervalos de 11-20 e 61-70, com 14 pacientes cada (13,08%), sendo o intervalo de 21-60 anos o hiato com maior abrangência de idade e composto por 28 pacientes (26,17%). Quanto a procedência foram identificadas 34 cidades da área de competência de Juiz de Fora; Juiz de Fora foi a cidade com maior número de pacientes com 51 (46,66%), seguido por Santos Dumont com 4 (3,7%). Em relação aos motivos de encaminhamento, as principais causas foram: anemia com 35 pacientes (32,71%), distúrbios trombóticos e distúrbios hemorrágicos com 18 pacientes cada (16,82%) e hemoglobinopatias com 8 (7,48%). Foram agrupados nos distúrbios trombóticos Acidente Vascular Encefálico, plaquetose e trombofilias e nos hemorrágicos: púrpura trombocitopênica, plaquetopenia e hematomas para efeito de análise. Discussão: Os dados obtidos no presente estudo evidenciaram a prevalência de mulheres no ambulatório, fato que pode estar relacionado a questões biológicas e socioculturais (mulheres por natureza são mais propensas a anemia ferropriva, e buscam mais atendimento médico). A alta frequência de pacientes na faixa etária de 0 a 10 anos está de acordo com a literatura sobre a incidência de doenças hematológicas pediátricas. A maior concentração de pacientes de Juiz de Fora está relacionada à localização do ambulatório e à acessibilidade ao serviço. A anemia como principal motivo de consulta confirma a alta prevalência dessa patologia na população, como demonstrado em diversos estudos e preconizado pela Organização Mundial de Saúde. Fatores como maior prevalência de mulheres no estudo, má nutrição e população pediátrica podem ter contribuído para este resultado. Conclusão: O presente estudo permitiu conhecer o perfil de um ambulatório de ensino na área de hematologia. O conhecimento da realidade de encaminhamentos é necessário para fortalecer o sistema de regulação e permitir a implementação de políticas para referenciamento no SUS.