Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Mar 2025)
PE-033 Análise do custo e jornada do transplante de células tronco hematopoiéticas em pacientes pediátricos com leucemia ou falência medular
Abstract
Introdução: O transplante de células tronco hematopoiéticas (TCTH), indicado no tratamento de doenças hematológicas malignas como leucemias e doenças não malignas como as falências medulares (FM), hemoglobinopatias e imunodefciência, tem por objetivo a substituição de uma medula óssea doente ou defcitária por células normais. É um processo de alta complexidade que requer atuação multiprofssional e gerenciamento de recursos, desde a seleção do doador até o acompanhamento pós TCTH, em prol da sobrevida livre de doença. Objetivo: Analisar a jornada e os custos relacionados ao TCTH de pacientes pediátricos com leucemia ou FM, considerando as perspectivas das Saúde Pública (SUS) e Saúde Suplementar. Material e Método: Coorte retrospectiva (CAAE: 77859224.8.0000.5580), com mapeamento por local de internamento para elaborar a jornada do paciente, e análise bottom-up dos custos de TCTH, atendidos de dezembro/2021 a janeiro/2023 em um hospital pediátrico no Sul do Brasil. Foram coletados apenas os custos diretos médicos (medicamentos, exames e procedimentos e internações, tanto na enfermaria quanto na unidade de terapia intensiva – UTI), do reembolso de cada paciente. Resultados: Foram incluídos 24 pacientes, sendo 42% (n=10) com FM [60% masculino (n=6), 60% SUS (n= 6)]. E 58% com leucemia (n= 14) [64% masculino (n= 9), 71% SUS, (n= 10)]. O custo médio do atendimento SUS foi de R$ 101.020,83 por paciente para FM (Anemia Aplástica Severa (AAS) e anemia de Fanconi) e R$ 85.639,47 para leucemias [Leucemia Linfoide Aguda (LLA) e Leucemia Mieloide Aguda (LMA)]; já para a Saúde Suplementar foi de R$ 155.172,64 para FM e R$ 177.255,93 para leucemias. A jornada do paciente foi dividida em LLA (n=9), LMA (n=5), AAS (n=5) e Fanconi (n=5). O tempo de internamento (t, em dias) foi LLA (t=44), LMA (t=39), AAS (t= 57) e Fanconi (t=36). Atendimentos pelo SUS para cada doença: 55% LLA, 50% LMA, 80% AAS e 40% Fanconi. Internação hospitalar iniciada pela enfermaria (ENF) 100% LLA, 80% LMA, 80% AAS e 100% Fanconi. Destes, 89%, 60%, 80% e 60% respectivamente, tiveram alta no posto inicial. Nenhum paciente foi admitido diretamente na UTI, mas, 11% LLA, 20% LMA, 20% AAS e 40% Fanconi tiveram passagem pela UTI. Apenas um paciente, com anemia de Fanconi evoluiu a óbito na UTI. Conclusões: No SUS, o custo do TCTH em pacientes com FM foi 18% maior que em pacientes com leucemia. Por outro lado, na saúde suplementar, o custo médio do TCTH em pacientes com leucemias foi 14% maior que em pacientes com FM. Essas diferenças são atribuídas à condição clínica, demanda de UTI e forma de custeio. A maioria dos pacientes iniciou a internação na enfermaria, com altas frequentes na mesma unidade, refetindo efciência no manejo inicial. A anemia de Fanconi, apresentou uma maior proporção de necessidade de cuidados intensivos na UTI. A análise destaca a importância de estratégias de saúde sustentáveis para otimizar recursos e melhorar a qualidade de vida dos pacientes pediátricos submetidos ao TCTH.
Keywords