Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

ENDOCARDITE INFECCIOSA POR ESTAFILOCOCOS COAGULASE NEGATIVOS: SÉRIE DE CASOS E COMPARAÇÃO COM OUTROS AGENTES ETIOLÓGICOS

  • Gustavo Campos Monteiro de Castro,
  • Nícolas de Albuquerque Pereira Feijóo,
  • Thatyane Veloso de Paula Amaral de Almeida,
  • Mariana Giorgi Barroso de Carvalho,
  • Francisca Pereira Ribeiro,
  • Angela Maria Rodrigues Dantas,
  • Clara Weksler,
  • Wilma Félix Golebiovski,
  • Giovanna Ianini Ferraiuoli Barbosa,
  • Rafael Quaresma Garrido,
  • Bruno Zappa,
  • Marcelo Goulart Correia,
  • Cristiane da Cruz Lamas

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103358

Abstract

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Introdução: Endocardite Infecciosa (EI) por Estafilococos Coagulase Negativos (ECN) está associada a alta taxa de mortalidade, principalmente em pacientes hospitalizados, sendo seu estudo de grande relevância. Nosso objetivo foi descrever casos de EI por ECN (EIECN) num centro cardiológico e compará-lo com outros casos de EI na coorte. Métodos: Pacientes adultos com EI definitiva pelos critérios de Duke modificados foram incluídos, prospectiva e consecutivamente, de 2006 a 2021. EIECN foi comparada aos demais pacientes com EI da coorte por teste de proporções. Análise estatística foi realizada com o software Jamovi e R. Resultados: ECN foi responsável por 39/435(9%) episódios de EI. A EIECN foi encontrada com maior frequência em pacientes mais velhos (mediana 55 vs. 47, p<0,001), e entre homens (64.1% vs. 65.2%, pNS). Dentre as comorbidades, foram mais frequentes entre as EIECN, em relação ao restante da coorte, doença arterial coronariana (28,9% vs. 12,6%, p<0,001) e insuficiência renal crônica (38,5% vs. 19,3%, p=0,005). Cirurgia cardíaca pregressa foi mais frequente entre EIECN (64,1% vs. 36,8%, p<0,001). A aquisição foi mais frequentemente hospitalar na EIECN (43,6% vs. 24,1%, p=0,008) e em pacientes com EI precoce de prótese (27,7% vs. 6,7%, p<0,001). Febre, sopros, embolização, esplenomegalia, níveis de PCR e VHS não foram diferentes entre os grupos. As complicações mais frequentemente encontradas na EIECN foram problemas de condução (25% vs. 12,6%, p=0,040), insuficiência renal aguda (50% vs. 32,2%, p=0,028); dentre os achados do ecocardiograma, o abcesso paravalvar foi mais frequente na EIECN (28,2% vs. 14,2%, p<0,001), não havendo diferença para fístula ou perfuração valvar. A cirurgia foi indicada para 92,3% dos pacientes com EIECN, no entanto foi realizada em 73,3% dos casos. Por fim, a taxa de mortalidade foi consideravelmente maior na EIECN (48,7% vs. 23,3%, p<0,001) quando comparada ao outro grupo. Conclusões: ECN foi o 4° agente etiológico mais comum em nossa série, e foi principalmente associado à aquisição nosocomial, especialmente na EI precoce de prótese; e, possivelmente por este motivo, houve maior frequência de abcesso paravalvar. As taxas de indicação cirúrgica foram altas, por viés de referenciamento, mas a cirurgia não foi realizada em 1/5 destes, possivelmente pela maior gravidade clínica dos pacientes. A mortalidade foi mais que duas vezes maior que o restante da coorte, o que reflete a aquisição nosocomial e contexto de cirurgia recente.

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