Tempo Social (Nov 2005)

Para um novo significado do futuro: mudança social, jovens e tempo Towards a new meaning of the future: social change, youths and time

  • Carmen Leccardi

DOI
https://doi.org/10.1590/S0103-20702005000200003
Journal volume & issue
Vol. 17, no. 2
pp. 35 – 57

Abstract

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Se a "primeira modernidade" construiu o significado do futuro como tempo da experimentação e das possibilidades, a "segunda modernidade" encara-o, ao contrário, como dimensão incerta, como limite potencial, mais do que como fonte de recursos. Esse novo enquadramento semântico configura também, profundamente, os modos e as formas pelos quais as biografias juvenis são definidas. Enquanto o "projeto de vida" constitui cada vez menos o princípio capaz de estruturar as biografias em uma época presentificada como a contemporânea, esboçam-se novas modalidades de relação com o futuro (e com o tempo). Essas formas de temporalização, particularmente visíveis nas construções biográficas juvenis, não implicam, entretanto, a pura e simples perda do futuro e a renúncia ao projeto tout court. Ao contrário, como indicam pesquisas recentes, uma parte ao menos do mundo juvenil aparece ativamente empenhada na construção de formas de mediação entre a necessidade de controle subjetivo sobre o tempo futuro e o ambiente social altamente arriscado e incerto de nossos dias.If, on the one hand, the 'first modernity' built the meaning of the future as a time for experimentation, on the other hand, the "second modernity" sees it as an uncertain dimension, as a potential limit more than a source of resources. This new semantic format also configures, in a profound manner, the ways and forms with which juvenile biographies are defined. While a "life project" constitutes less and less of the principle that can structure biographies in an ever 'presentified' period as that of contemporaneity, new modalities of relationship with the future (and with time) are drawn up. These forms of temporalization, particularly visible in the construction of juvenile biographies, however, do not imply the pure and simple loss of a future and the renunciation of the project as such. As recent researches show, it is quite the opposite, at least, a part of the juvenile world appears to be actively involved in the construction of means of mediation between the need for a subjective control over future time and the present highly risky and uncertain social environment.

Keywords