Boitatá (Mar 2024)
No Rastro do Ñandú, Sob as Patas do Centauro
Abstract
O apagamento e etnocídio (Angatu, 2019) causaram o desaparecimento dos coletivos Charrua e Minuano da pampa gaúcha. Com o branqueamento implementado por Portugal e Espanha (Santos, 2018) e a formação da identidade baseada em lacunas de informação, histórias de raptos e silêncios estratégicos (Bracco, 2020), a população constituiu-se cultuando tradições expropriadas e negando a memória indígena. A folclorização capitalizou e desconfigurou o indígena, batizado como gaúcho: cidadão pobre em terra alheia. As mulheres indígenas sofreram uma violência duplicada, pois seus corpos, assim como a terra, eram riquezas a serem dominadas pelos colonizadores (Segato, 2018). A cultura desses povos pode ser recuperada pela etnoastronomia, que estuda como suas histórias revelam o conhecimento das constelações empregado durante seus deslocamentos e manejo territorial. O que esses povos viam no céu representava o que havia sobre a terra, (Afonso, 2006) como no caso da “caza ao ñandú”, relatado pelo povo Moqoit da Argentina. (Gimenez et al., 2002), (López, 2018). O ñandú ou rhea americana, perdeu espaço nos campos como “especie etnobiologica clave” (Rosso e Medrano, 2016) para o cavalo, elemento estrangeiro que compõe o “centauro da pampa” (Zalla, 2010), símbolo da cultura enxertada do gaúcho.
Keywords