Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

AVALIAÇÃO DE CAUSAS DE ÓBITO EM PACIENTES PORTADORES DE LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÔNICA

  • FM Marques,
  • EM Oshiro,
  • LL Perruso,
  • AA Barroso,
  • KP Melillo,
  • LLM Perobelli

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S175 – S176

Abstract

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Introdução: Os pacientes portadores de Leucemia Linfocítica Crônica (LLC), por se tratar de uma doença de acometimento principalmente de idosos, geralmente possuem prevalência alta de comorbidades, o que vem sendo associado a um aumento da mortalidade na LLC. Nas últimas décadas, o risco de morte devido à progressão da LLC diminuiu em razão do surgimento de terapias menos tóxicas. Entretanto, a morte por infecções aumentou e continua sendo a causa mais comum de óbito nesse grupo de pacientes. Objetivo: Descrever as causas de óbito de uma série de pacientes com Leucemia Linfocítica Crônica (LLC). Materiais e métodos: Estudo observacional retrospectivo através da análise dos prontuários digitais de pacientes adultos atendidos no Hospital de Transplantes Euryclides de Jesus Zerbini-Hospital Brigadeiro. Critérios de inclusão: 1) pacientes com idade superior a 18 anos com diagnóstico de LLC; 2) pacientes que faleceram durante o acompanhamento; 3) dados relacionados ao óbito disponíveis no prontuário digital. Resultados/Discussão: Entre janeiro de 2000 e julho de 2022, 516 pacientes com diagnóstico de LLC foram seguidos em nosso ambulatório. Nesse período,100 pacientes faleceram e possuíam os dados relacionados ao óbito disponíveis. A mediana de seguimento foi de 63 meses (variação:2-224). A mediana de idade destes pacientes ao diagnóstico foi de 57 anos (variação:33-87) e 55% eram do sexo masculino. Quarenta e um por cento eram Binet A, 29% eram Binet B e 30% eram Binet C. Setenta e dois porcento possuíam mais de uma comorbidade, sendo as mais frequentes: diabetes, hipertensão arterial e doença renal crônica. Cinquenta por cento apresentavam ECOG 0, 31% ECOG 1 e 19% ECOG 2 ou superior. Quanto à distribuição de acordo com a escala CIRS (Cumulative Illness Rating Scale): 30% tinham 4-6 pontos, 33% tinham 7-9 pontos, 37% tinham 10 ou mais pontos. Avaliada em 62 pacientes, a Beta-2-microglobulina estava elevada em 79% dos casos. FISH para deleção do 17p, realizado em 18 pacientes (18%), apresentando del17p em 4 pacientes (22%). A pesquisa de hipermutação somática do IgHV, realizada em 9 pacientes, revelou IgHV não mutado em 6. Setenta e sete pacientes haviam recebido tratamento específico durante o seguimento. A causa da morte foi relacionada a LLC em 53 pacientes. Nestes pacientes, as mais frequentes foram: infecção em 41 (77%) casos (sendo COVID em 4 -10%), progressão de doença em 9 (17%) (ex: anemia hemolítica autoimune refratária, síndrome de Richter, Leucemia Mieloide Aguda pós tratamento e restrição a transfusão por motivo religioso), cardiovascular em 2 (4%) e causa desconhecida em 1 (2%). Trinta e um pacientes (58%) estavam recebendo tratamento no momento do óbito (94% com quimioimunoterapia e 6% com ibrutinibe). Nos 47 casos em que o motivo do falecimento não teve relação com a LLC, as principais causas foram: infecção em 36 (75%) casos (a maioria por pneumonia, sendo 11 casos com COVID), segunda malignidade em 3 (6%), eventos cardiovasculares em 5 (11%) e causas desconhecidas em 4 (8%). Conclusão: Trata-se de um grupo de pacientes, que apesar de apresentar idade mediana abaixo de outras casuísticas de pacientes com LLC da literatura, apresenta alta incidência de comorbidades e performance status inferior (refletidos pelo ECOG e CIRS).A principal causa de óbito tanto relacionada como não relacionada a LLC foi infecção, o que aponta para a necessidade de melhor manejo dessas complicações e do uso de terapias com menor risco de levar ao desenvolvimento das mesmas.