Pubvet (Jul 2023)

Impactos causados pela COVID-19 em indústrias de cárneos localizadas em Brasília e Goiás

  • Fauane Cirqueira de Souza,
  • Ângela Patrícia Santana2

DOI
https://doi.org/10.31533/pubvet.v17n7e1419
Journal volume & issue
Vol. 17, no. 07

Abstract

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O vírus SARS-CoV-2, responsável pela COVID-19, se espalha mais facilmente em locais com aglomeração de pessoas, incluindo abatedouros e fábricas de produtos cárneos, que empregam mais de 560 mil funcionários no Brasil. No entanto, ainda não existem informações sobre como a pandemia afetou as fábricas de processamento de carne em Brasília e Goiás. Portanto, este trabalho teve como objetivo estudar as principais mudanças operacionais e estruturais adotadas para o controle da doença. O estudo envolveu a participação de 15 indústrias de micro, pequeno e médio porte, que ao todo, reúnem mais de 1500 colaboradores e incluiu abatedouros de bovinos, aves, suínos, unidades de beneficiamento e entrepostos de carnes. O material de estudo foi obtido por meio da aplicação de um formulário online direcionado aos responsáveis técnicos, fiscais agropecuários, equipe de controle de qualidade e/ou gerentes das indústrias. As perguntas realizadas estavam relacionadas às possíveis alterações estruturais e operacionais ocorridas neste período, recursos humanos e saúde dos manipuladores, logística de escoamento dos produtos e qualidade microbiológica dos alimentos produzidos. A análise estatística mostrou que 93% das fábricas desenvolveram planos de contingência. Entre as mudanças ocorridas, 40% implementaram o distanciamento de 1 metro entre os postos de trabalho, 33,3% aumentaram a frequência dos Procedimentos Padrão de Higiene Operacional (PPHO) e 27% modificaram a disposição dos postos de trabalho para evitar o contato face a face. Cerca de 80% das indústrias registraram casos confirmados de COVID-19, sendo que a maioria (66,7%), optou por afastar os funcionários suspeitos, oferecendo licença médica remunerada (86%). Em relação aos produtos acabados, foi observada maior dificuldade na entrega aos clientes (71,4%) e uma melhoria na qualidade microbiológica em 26,7% das indústrias. Não foi necessário fechar nenhum estabelecimento para revisar seus procedimentos em relação ao combate à pandemia. Os planos de contingência seguiram a Portaria Conjunta nº 19/2020 (MAPA/MS/ME) e buscaram principalmente garantir o distanciamento social. No entanto, promover o distanciamento entre os postos de trabalho foi desafiador devido à organização interna das fábricas de carne. As recomendações durante a pandemia não substituíram as obrigações legais existentes e as empresas tiveram que fortalecer sua responsabilidade com a saúde pública.

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