Brazilian Journal of Transplantation (Dec 2023)
Transplante de Fígado no Brasil entre 2010 e 2021: Sobrevida de 30 Dias
Abstract
Introdução: No Brasil, o Sistema Único de Saúde, é responsável por mais de 95% transplantes hepáticos, disponibilizando de modo mais igualitário um serviço essencial à saúde. Todavia, há carência de órgãos frente à crescente demanda e desafios para alcançar o sucesso do procedimento, devido a gravidade das doenças de base que impactam na sobrevida pós cirurgia. Objetivo: Investigar a taxa de transplante de fígado em todas as unidades federativas do Brasil entre os anos de 2010 e 2021, bem como avaliar sua relação com sobrevida dos pacientes submetidos ao procedimento. Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico, observacional, analítico do tipo coorte não concorrente, com dados obtidos do Sistema de Informações Hospitalares referentes a hospitalizações que realizaram transplante de fígado, em todas as unidades da federação (UF) do Brasil entre janeiro de 2010 e dezembro de 2021. Resultados: Foram realizados no país 17.254 transplantes de fígado, à um custo total de R$ 1.657.439.379,00 financiado pelo SUS em pacientes com idade média de 53,78 anos. O sexo feminino apresentou probabilidade de sobrevida menor que pacientes do sexo masculino. Quanto ao período 15 dias de internação hospitalar, os pacientes sem diagnóstico de insuficiência hepática apresentaram probabilidade de sobrevida de 86,4% (IC95% = 85,7 - 87,2) e os pacientes com diagnóstico de insuficiência hepática com probabilidade de sobrevida de 81,7% (IC95% = 80,0 - 83,4). A letalidade descrita foi de 12,29% e não houve diferença de sobrevida quanto a faixa etária (p=0,13), período de internação (p=0,31), doença alcoólica do fígado (p=0,14) e fibrose e cirrose hepática (p=0,22). A probabilidade de sobrevida foi estatisticamente semelhante entre transplantados que receberam fígado de doador falecido ou vivo. Conclusão: A quantidade de doadores permanece insuficientes frente a extensa lista de espera. O impacto das condições de base na sobrevida após cirurgia, observa-se desfecho negativo maior nos pacientes com insuficiência hepática e no sexo feminino.