Sur le Journalisme (Sep 2016)

O Conceito de Cognição Jornalística: Percepção Social do Caso Charlie segundo Correspondentes na Imprensa Brasileira

  • Margarethe Born Steinberger-Elias

Journal volume & issue
Vol. 5, no. 1
pp. 58 – 71

Abstract

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Há um modo tipicamente jornalístico de perceber e relatar acontecimentos? Este trabalho assume como ponto de partida que sim, e pode-se falar de uma “cognição jornalística”. Práticas profissionais impõem modos próprios de processar a informação que vai ser convertida em notícia. Um repertório de conhecimentos prévios (background knowledge) que o jornalista dispõe também ajuda a organizar os fatos segundo modelos cognitivos já conhecidos. No caso do correspondente estrangeiro, o modo jornalístico típico de perceber e relatar acontecimentos pode estar submetido não só a sua cultura de origem, mas também aos filtros culturais da região onde ele está sediado. Em que medida seus valores universais e suas práticas profissionais são influenciados por uma percepção local dos fatos? Em que medida os correspondentes estrangeiros são vulneráveis a esta percepção local, se ela entrar em colisão com os modelos mentais que eles trazem de sua cultura de origem? E se o modelo mental utilizado para descrever os fatos não lhes parecer apropriado, como a decisão sobre a escolha de um novo modelo é tomada (model switching)? Pode ocorrer uma sensação de “estranhamento” cognitivo, obrigando o correspondente a reorganizar sua percepção? Até que ponto tais processos sócio-cognitivos foram afetados pelas novas tecnologias da informação e da comunicação e pelos novos modos de produção e recepção de conteúdo no século XXI? São questões bem complexas e este artigo irá introduzi-las a partir de uma análise da percepção social de correspondentes internacionais, articulistas e colunistas sobre os ataques islâmicos de 7 de janeiro de 2015 contra o jornal Charlie Hebdo. A análise foi baseada em um corpus de vinte artigos publicados na imprensa brasileira sobre os acontecimentos de Paris e o movimento Charlie pela liberdade de expressão. Est-ce que les journalistes ont une façon typique de percevoir et rapporter les événements? Ce travail présuppose que oui, et que l’on peut parler d’une « cognition journalistique ». Les pratiques de travail imposent ses propres moyens pour le traitement de l’information qui va être convertie en nouvelles. Un répertoire de connaissance préalable (background knowledge) peut aider le journaliste à organiser les événements selon des modèles cognitifs qui lui sont déjà connus. Dans le cas des correspondants étrangers, la manière journalistique typique de percevoir et rapporter les événements peut être soumise non seulement à cette culture d’origine, mais aussi aux filtres culturels du pays où le correspondant se trouve. Dans quelle mesure ses valeurs universelles et ses pratiques de travail sont influencées par une perception locale des faits ? Dans quelle mesure les correspondants étrangers sont vulnérables à cette perception locale si elle entre en collision avec les modèles mentaux qu’ils importent de leur culture d’origine ? Et si le modèle mental utilisé pour décrire les faits ne semble pas approprié, comment la décision sur le choix d’un nouvel modèle est prise (model switching) ? Le sentiment d’une « étrangeté » cognitive peut-il forcer le correspondant à réorganiser sa perception ? À quel point ces processus socio-cognitifs ont été modifiés au XXIe siècle par les nouvelles technologies de l’information et de la communication et par les nouveaux modes de production et de réception de contenu ? Ce sont des questions très complexes qui seront introduites ici à partir d’une analyse de la perception sociale de correspondants, chroniqueurs et écrivains sur les attaques islamiques le 7 Janvier 2015 contre le journal français Charlie Hebdo. L’analyse a été faite sur un corpus de vingt articles publiés dans la presse brésilienne sur la perception sociale des événements de Paris et du mouvement Charlie en faveur de la liberté d’expression. Is there a singular “journalistic” way to perceive and report events? This paper takes a “yes” as its starting point and calls it “journalistic cognition” — journalistic work practices and values impose on the manner information is processed and converted into news. Journalists use personal background knowledge when they organize and classify information within common cognitive models. In the case of foreign correspondents, typical journalistic ways of perceiving and reporting events may be bound not only to their original culture, but also to the regional culture from where they are reporting. Sometimes prevalent models don’t fit and the journalistic cognitive experience becomes muddled for a lack of words and structure to properly categorize events. An alternate cognitive model must then be created. To what extent are foreign correspondents’ universal professional values and practices influenced by local perception of facts? To what extent are foreign correspondents open to local perceptions if they collide with mental models from their own culture? And if a cognitive model used to describe the facts does not seem to fit, what decision making process is selected to find a new model? Do uncomfortable feelings of cognitive oddity oblige foreign correspondents to reorganize their schemata of perception? To what extent have such socio-cognitive processes been affected by new information and communication technologies and new modes of content production and reception in the twenty-first century? These are very complex issues that will be introduced in this article with the support of a case study based on twenty texts written by correspondents and columnists in the Brazilian press. The analysis focuses on how they perceived and reported the January 7, 2015 attacks against the French newspaper Charlie Hebdo and its freedom of speech campaign.

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