Revista Labor (Mar 2017)
O TRABALHO NA CONTEMPORANEIDADE: ANÁLISE DAS IMPLICAÇÕES SUBJETIVAS EM UM AGENTE AUTÔNOMO DA BOLSA DE VALORES
Abstract
O trabalho tem papel central para a compreensão do homem como ser social. Portanto, mudanças nas suas configurações alteram a forma de socialização do homem e seus modos de ser, o que torna fundamental analisar suas repercussões nos processos de subjetivação. A emergência do neoliberalismo e do capitalismo financeiro provocam uma ruptura no modo como o trabalho vinha produzindo os processos de identidade. Neste texto pretende-se compreender como as tais transformações emergem no discurso de um trabalhador cuja atividade é típica da sociedade contemporânea, um agente autônomo de investimentos – ou corretor da bolsa de valores. O estudo de caso deu-se por meio de entrevista semiestruturada. Observou-se o aumento do individualismo, e da responsabilização do indivíduo por tudo o que possibilita o trabalho e advém dele; o esmaecimento das fronteiras entre a vida profissional e pessoal; a permanência da alienação do trabalhador em relação ao fruto de sua atividade; a mobilização que o trabalho realiza sobre as características do indivíduo, fazendo com que a construção da identidade ocorra em torno de sua ocupação. Não se defende uma nostalgia da sociedade salarial, mas destaca-se a multiplicidade de produções subjetivas que derivam da lógica laboral cada vez mais difusa e vulnerável.