Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

CARACTERIZAÇÃO DOS CASOS DE SÍFILIS GESTACIONAL E SÍFILIS CONGÊNITA NOTIFICADOS NO MUNICÍPIO DE UBERABA/MG ENTRE OS ANOS DE 2012 A 2022

  • Maysa de Oliveira Rosa Duarte,
  • Gustavo de Freitas Mendonça Gontijo,
  • Wellington Francisco Rodrigues,
  • Aline Dias Paiva

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103131

Abstract

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Introdução/Objetivo: A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada por Treponema pallidum. Nos últimos anos, o número de casos de sífilis aumentou consideravelmente no município de Uberaba, sendo a terceira cidade mineira com maior número de notificações de sífilis gestacional. Nesse sentido, o objetivo do presente estudo foi caracterizar os casos de sífilis gestacional e congênita notificados no município de Uberaba/MG, entre os anos de 2012 a 2022. Métodos: Neste estudo foram avaliadas três variáveis relacionadas à sífilis gestacional (teste diagnóstico, esquema de tratamento, tratamento do parceiro) e três variáveis vinculadas à sífilis congênita (faixa etária, raça e sexo). Essas variáveis foram obtidas a partir das fichas de notificação disponíveis no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Resultados: No período avaliado foram notificados 915 casos de sífilis em gestante, sendo que 871 (95%) tiveram VDRL reativo, 4 (0,43%) não reativo, 7 não realizaram o teste diagnóstico (0,76%) e 33 (3,6%) foram ignorados. Essas porcentagens revelam a sensibilidade do teste não treponêmico VDRL, em que 95% das gestantes portadoras de sífilis obtiveram positividade no rastreio desta IST. No que se refere ao esquema de tratamento, 494 gestantes (53,98%) realizaram o tratamento preconizado, 208 (22%) foram ignorados ou não preenchidos na ficha de notificação, 159 (17%) pacientes usaram outro esquema de tratamento e 54 (5,9%) não realizaram nenhum tratamento. Apenas 219 parceiros (23,93%) destas gestantes foram tratados, 277 não realizaram nenhum tratamento (30,27%) e em 419 fichas de notificação não havia a informação (45,6%). Em relação à sífilis congênita foram notificados 493 casos, sendo 490 (99,39%) casos em menores de 1 ano, 2 (0,4%) casos com 1 ano e 1 (0,2%) caso com 7 anos. Dessas crianças, 170 (34,4%) foram declaradas brancas, 43 (8,72%) pretas, 1 (0,2%) amarela, 126 (25,6%) pardas e 153 (31%) ignorados ou em branco. Observou-se também que 235 (47,7%) crianças eram do sexo masculino e 242 (49%) do sexo feminino (em 16 (3,24%) dos casos notificados não havia informação sobre tal variável). Conclusão: A baixa porcentagem de tratamento dos parceiros está aliada à maior probabilidade de reinfecção da gestante. Assim, ações que visem a divulgação de informações a respeito de sífilis e o treinamento dos profissionais de saúde têm sido conduzidas no município e espera-se reduzir o número de casos dessa IST nos próximos anos.

Keywords