Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

MICOBACTÉRIAS NÃO-TUBERCULOSAS: ESTUDO DE PREVALÊNCIA EM UM HOSPITAL TERCIÁRIO NO SUL DO BRASIL

  • William Latosinski Matos,
  • Patricia Orlandi Barth,
  • Alessandra Helena da Silva Hellwig,
  • Grazielle Motta Rodrigues,
  • Luciana Giordani,
  • Denise Maria Cunha Willers,
  • Viviane Horn de Melo,
  • Juliana Bergmann,
  • Maria Cristina de Oliveira Amaro Ritter,
  • Claire Beatriz Soares,
  • Dariane Castro Pereira,
  • Rodrigo Minuto Paiva,
  • Afonso Luis Barth

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103639

Abstract

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Introdução/objetivo: Micobactérias não-tuberculosas (MNT) são microrganismos ubíquos mas que podem causar uma série de infecções, principalmente pulmonares e em pacientes imunocomprometidos. Estudos sugerem que infecções por estes microrganismos têm aumentado nas últimas décadas: a prevalência estimada passou de 2,4 casos/100.000 em 1980 para 15,2 casos/100.000 em 2013 nos EUA. O objetivo deste estudo foi avaliar a epidemiologia das MNT em nossa instituição, bem como avaliar a performance do sequenciamento parcial do gene hsp65 para identificação das espécies de MNT. Métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo de janeiro a dezembro de 2022. Os isolados foram identificados por MALDI-TOF VITEK® MS (bioMérieux, França), e o sequenciamento do gene hsp65 foi realizado pela técnica de Sanger. A identificação foi feita por comparação da sequência obtida com sequências depositadas no GenBank®. Além disso, foi realizada avaliação interlaboratorial. Resultados: No período do estudo, foram realizadas 2415 culturas de micobactérias, provenientes de 1845 pacientes. Desses, 6,45% (n = 119) dos pacientes apresentaram cultura positiva para micobactérias, entre as quais 29% (n = 35) foram positivas para MNT. As culturas positivas para MNT foram majoritariamente de material respiratório (97%) e as espécies mais frequentes foram, respectivamente: M. gordonae (n = 10), Complexo M. abscessus (n = 8), M. chelonae (n = 4), Complexo M. avium (n = 4), M. kansasii (n = 2), Complexo M. fortuitum (n = 2), e apenas 1 das espécies: M. cosmeticum, M. celatum, M. lentiflavum, M. mucogenicum e M. scrofulaceum. Para avaliação do gene hsp65, foram testadas amostras em duplicata de culturas positivas para M. gordonae, M. kansasii, Complexo M. abscessus, Complexo M. tuberculosis cepa H37rv e Mycolicibacterium mucogenicum. Após as análises, todas as amostras apresentaram similaridade de 100% quando comparadas com sequências no GenBank®, com exceção da amostra de Mycolicibacterium mucogenicum que apresentou similaridade de 96%. Todavia, na avaliação interlaboratorial e na comparação com os resultados obtidos no MALDI-TOF a concordância obtida foi de 100%. Conclusão: MNT são patógenos oportunistas e a identificação rápida e precisa a nível de espécie é uma etapa importante para o sucesso do tratamento. A utilização do gene hsp65 apresentou-se promissora, entretanto, demais espécies, sobretudo as mais prevalentes na nossa instituição, devem ser avaliadas visando a inclusão do ensaio no portfólio de exames.

Keywords