Revista Brasileira de História da Ciência (Jul 2023)
Questões sociais e políticas da “vulgarização científica” na Revolução [francesa] (1780-1810)
Abstract
A noção de vulgarização científica tende a amalgamar fenômenos distintos e que frequentemente correm o risco de serem reificados. Apoiados no estudo das transformações teóricas e sociais que caracterizam o mundo das ciências e dos savants entre o fim do Antigo Regime e a época imperial, tentaremos precisar as questões em torno das estratégias de conquista do “público”, e evidenciar o caráter complexo das relações que se estabelecem entre os savants e a sociedade. Este estudo permitirá verificar especificamente a singularidade do “modelo francês” no domínio da organização da ciência, uma singularidade que deve ser buscada no âmbito das relações particulares que a ciência mantém com o Estado. A partir da análise das diferentes concepções da ciência que se justapõem e se opõem (ciência mundana, útil, severa e oficial) e do estudo das etapas que pontuam o processo de especialização e de profissionalização do conhecimento entre 1780 e 1810, mostraremos que a “vulgarização científica”, tal como ela se impõe no século XIX, é o resultado de lógicas “internas” e “externas” que tornam necessário o cruzamento entre a história científica e a história social e política. Podemos ver que não é paradoxal a afirmação de que a vulgarização científica somente pode surgir em função de um real distanciamento entre a ciência e o público.
Keywords