Em Questão (Jun 2008)
No diálogo com o outro, a crisálida pode tornar-se borboleta, a comunicação tem chance de acontecer. Sobre Martin Buber
Abstract
Martin Buber introduziu na filosofia o tema do diálogo. Para ele, nem o Eu, nem o Tu estão no início de tudo; no princípio, está simplesmente a relação. A relação é o espaço “entre”, é esse ambiente comum, essa coisa que ata os homens numa interação social. E quando dialo-gam, os participantes devem realizar uma autêntica imersão, dissolver-se na cena, na rela-ção, na troca, no instante. E é igualmente instantânea a relação que homens têm com as obras da cultura. Uma obra de arte, por exemplo, só se torna de fato obra pela ação do homem, que a realiza, que lhe dá um “poder eficaz”. Depende de nós realizarmos ou não as coisas. Podemos ver o mundo, o outro, as obras como um “Isso”, como algo que buscamos conhecer, dominar, entender; mas podemos vê-los, também, como um “Tu”, se deixarmos de lado a busca do conhecimento e nos entregarmos à relação. Só assim pode se realizar a comunicação.