Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES INTERNADOS COM COVID-19 EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO DE REFERÊNCIA NA BAHIA, DURANTE O PRIMEIRO ANO DE PANDEMIA
Abstract
Introdução: No final de 2019, o coronavírus SARS-CoV-2 emergiu na China, desencadeando uma pandemia global a partir de março de 2020. Adultos e crianças têm taxas semelhantes de infecção, no entanto, as crianças apresentam uma forma mais leve da doença e menor taxa de mortalidade. Em Salvador, até abril de 2021, houve 868.048 casos confirmados, sendo 97.519 em crianças. Embora a maioria dos casos pediátricos seja leve, as crianças desempenham um papel significativo na disseminação do vírus. Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico dos pacientes com SARS-CoV-2 internados em um Hospital Pediátrico de referência na Bahia, durante o primeiro ano de pandemia. Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico observacional, transversal e documental, com pacientes até 18 anos incompletos, internados com COVID-19 no Hospital Pediátrico Martagão Gesteira, durante o período de abril de 2020 a março de 2021. Foram analisados 142 prontuários, registrados no sistema de armazenamento de prontuários CONSULT4. Foram excluídas as crianças que testaram negativo, maiores de 18 anos, e os casos que não tiveram registro de dados no banco nacional que comprovem a positividade dos exames considerados diagnósticos. Resultados: Das 142 crianças incluídas, predominou-se o sexo masculino (52,80%) e a faixa etária lactente (31,70%). O método diagnóstico mais utilizado foi a transcrição reversa seguida de reação em cadeia da polimerase (RT-PCR) com 65,50%. Ao avaliar o estado nutricional, 75% das crianças apresentavam parâmetros adequados no Z-score de peso para a idade. Os principais sinais e sintomas na admissão foram febre (63,40%), tosse (51,40%) e dispneia (48,60%). Da amostra, 76,80% possuíam comorbidades. Em relação aos desfechos negativos, destacou-se a necessidade de admissão na unidade de tratamento intensivo em 52,80% das crianças. Conclusão: A maioria dos casos nas crianças são leves, apesar de algumas manifestações graves. Por ser um hospital terciário de referência, essa amostra revelou que mais da metade dos pacientes tinham mordidades, e por isso, metade necessitou de tratamento intensivo. Como o esperado, tosse, febre e dispneia foram os sintomas mais comuns. A COVID-19 é uma doença recentemente descoberta e há poucos estudos na literatura científica sobre a manifestação em crianças. Portanto, é essencial fornecer dados que possam ajudar na identificação de um perfil pediátrico mais suscetível a essa doença.