Cadernos de Saúde Pública (Mar 2021)

Idosos no contexto da pandemia da COVID-19 no Brasil: efeitos nas condições de saúde, renda e trabalho

  • Dalia Elena Romero,
  • Jéssica Muzy,
  • Giseli Nogueira Damacena,
  • Nathalia Andrade de Souza,
  • Wanessa da Silva de Almeida,
  • Celia Landmann Szwarcwald,
  • Deborah Carvalho Malta,
  • Marilisa Berti de Azevedo Barros,
  • Paulo Roberto Borges de Souza Júnior,
  • Luiz Otávio Azevedo,
  • Renata Gracie,
  • Maria de Fátima de Pina,
  • Margareth Guimarães Lima,
  • Ísis Eloah Machado,
  • Crizian Saar Gomes,
  • André Oliveira Werneck,
  • Danilo Rodrigues Pereira da Silva

DOI
https://doi.org/10.1590/0102-311x00216620
Journal volume & issue
Vol. 37, no. 3

Abstract

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Resumo: O presente estudo tem o objetivo de caracterizar a população idosa brasileira durante a pandemia de COVID-19, considerando suas condições de saúde, socioeconômicas, desigualdade de sexo, adesão ao distanciamento social e sentimento de tristeza ou depressão. Estudo transversal realizado com idosos brasileiros que participaram de um inquérito de saúde (N = 9.173), com método de amostragem “bola de neve virtual”. Os dados foram coletados via web, por meio de questionário autopreenchido. Foram estimadas prevalências, intervalos de confiança e, para verificar a independência das estimativas, utilizou-se o teste qui-quadrado de Pearson. Durante a pandemia, houve diminuição da renda em quase metade dos domicílios dos idosos. O distanciamento social total foi adotado por 30,9% (IC95%: 27,8; 34,1) e 12,2% (IC95%: 10,1; 14,7) não aderiram. Idosos que não trabalhavam antes da pandemia aderiram em maior número às medidas de distanciamento social total. Grande parte apresentou comorbidades associadas ao maior risco de desenvolvimento da forma grave de COVID-19. Sentimentos de solidão, ansiedade e tristeza foram frequentes entre os idosos, especialmente entre as mulheres. A pandemia da COVID-19 aprofundou a desigualdade ao afetar os idosos mais vulneráveis. Estratégias para mitigar a solidão e o distanciamento social devem ser feitas levando-se em conta a vulnerabilidade social e a acentuada diferença entre homens e mulheres quanto à composição domiciliar e às condições socioeconômicas e de trabalho. Recomenda-se o desenvolvimento de pesquisas representativas da população idosa brasileira e que investiguem o impacto da pandemia neste grupo.

Keywords