Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Jan 2004)

Doença trofoblástica gestacional complicada por hemorragia Hemorrhagic complications of gestational trophoblastic disease

  • Paulo Belfort,
  • Luiz Gustavo Bueno,
  • Carlos Eduardo Novaes,
  • Jorge de Rezende

DOI
https://doi.org/10.1590/S0100-72032004000700007
Journal volume & issue
Vol. 26, no. 7
pp. 551 – 556

Abstract

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OBJETIVO: relatar três casos de doença trofoblástica gestacional, complicados por hemorragia grave, exigindo recurso cirúrgico, de fortuna, para obter a hemóstase. MÉTODOS: o estudo diz respeito a três pacientes. Em uma delas, paciente jovem, nulípara, de 27 anos foi realizada histerectomia total abdominal. Após a cirurgia tornou-se possível prosseguir a quimioterapia e alcançar a remissão da doença. Outra paciente sangrava incoercivelmente mercê de extensa metástase vaginal, cuja hemostasia só foi conseguida mediante ligadura das artérias hipogástricas. A cura definitiva adveio com o prosseguimento da quimioterapia. Dois anos após o episódio, a paciente encontra-se novamente grávida. O terceiro exemplo - mola persistente - apresentava tecido trofoblástico aderido ao segmento inferior do útero, do colo e do fundo de saco lateral direito da vagina, que sangrava copiosamente a cada tentativa de remoção cirúrgica: curetagem ou vácuo-aspiração. Conseqüente à múltipla manipulação invasiva da genitália, sobreveio grave processo infeccioso que evolveu para septicemia que a antibioticoterapia e a histerectomia (tardia) não conseguiram debelar, culminando com o óbito da paciente. RESULTADO: as pacientes foram tratadas de modo excepcional: duas mediante histerectomia total abdominal e uma com ligadura das artérias hipogástricas. Daquelas submetidas à histerectomia uma sobreviveu e a outra veio a falecer de septicemia. A que foi tratada mediante ligadura das artérias hipogástricas alcançou remissão definitiva e, completado o seguimento, voltou a gestar, tendo gravidez de evolução normal. CONCLUSÃO: conquanto doença trofoblástica gestacional tenha, de hábito, curso tranqüilo e remissão espontânea freqüente, complicações inusitadas exigem condutas radicais com desfecho nem sempre favorável.PURPOSE: to report three cases of gestational trophoblastic disease with intense hemorrhagic complications, in which exceptional surgical procedures were used to obtain hemostasis. METHODS: the study comprised three patients: the first, a young woman, 27 years old, nullipara, was submitted to total abdominal hysterectomy and, thereafter, to chemotherapy until remission was achieved. Another patient bled from an extensive vaginal metastasis that could only be treated with hypogastric arterial ligation. Definitive sustained remission was obtained after chemotherapy. Two years after the episode, the patient achieved a new, normal pregnancy. The third patient, with persistent trophoblastic disease, presented a mass of molar tissue within the uterine inferior segment and cervix, extending to the right vaginal cul-de-sac, heavily bleeding at each attempt of surgical removal, whether by sharp or suction curettage. As a consequence of the invasive maneuvers she became seriously infected with sepsis; although being submitted to intensive antibiotic therapy and total abdominal hysterectomy she died a few days later. RESULTS: of the two patients who were submitted to total abdominal hysterectomy, one survived and the other died of septicemia. The third patient, who was submited to hypogastric arterial ligation, had a favorable outcome and achieved a new and normal pregnancy. CONCLUSION: albeit gestational trophoblastic disease usually has an undisturbed course and spontaneous remission, unexpected complications may demand radical approaches leading sometimes to unfavorable results.

Keywords