Educação em Revista (Nov 2023)

INFÂNCIA E JUSTIÇA ESPACIAL: DESIGUALDADES INTER E INTRABAIRROS NO USO DA CIDADE POR CRIANÇAS DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE CURITIBA

  • VALÉRIA MILENA ROHRICH FERREIRA,
  • SONIA MARIA FERNANDES

DOI
https://doi.org/10.1590/0102-469839285
Journal volume & issue
Vol. 39

Abstract

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RESUMO: Analisa-se aqui se há desigualdade nas experiências espaciais de crianças a depender do local da cidade e do bairro onde moram. Trata-se de uma pesquisa quantitativa em que foram analisados 1060 questionários respondidos por famílias de crianças de 27 escolas municipais de Curitiba, distribuídas nas 9 regionais da cidade, à época. Os dados foram analisados a partir de autores da sociologia, da sociologia urbana, da infância e da geografia. Verificou-se que crianças moradoras da região norte-central da cidade e de regiões centrais dos bairros tiveram maior acesso a locais consolidados de lazer e cultura, pois moravam próximas desses locais ou tinham maior facilidade de se locomover até eles (dentre outras questões relacionadas à classe, gênero, raça, tempo de moradia no bairro, origem geográfica das famílias), demonstrando tanto um “efeito residência” gerador de oportunidades quanto uma mobilidade espacial que, como capital, impulsionava experiências diversificadas na cidade. Já para as crianças que moravam na parte pobre e periférica do bairro e, ainda mais, se eram moradoras do sul e do extremo sul da cidade (quando se cruza dados interbairros com intrabairros), o bairro não se apresentou como um recurso, mas sim como uma restrição, e a mobilidade espacial pareceu ser um capital urbano escasso. A configuração foi a de uma não mistura social entre crianças moradoras de diferentes partes do bairro e da cidade. A cidade se mostrou injusta espacialmente, e o bairro apresentou-se modelar, ensinando posições e status superior a algumas crianças e subalternidade e sedentarismo para outras.

Keywords