Revista Bioética (Sep 2021)

Precarização do vínculo de trabalho do médico na Paraíba: reflexos éticos

  • Bruno Leandro de Souza,
  • Thiago Guimarães Pereira Souza,
  • Caio Chaves de Holanda Limeira,
  • Heloisa Calegari Borges,
  • Naraiana Chaves Pereira

DOI
https://doi.org/10.1590/1983-80422021292476
Journal volume & issue
Vol. 29, no. 2
pp. 384 – 393

Abstract

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Resumo Observa-se no Brasil uma crescente precarização dos serviços públicos e do trabalho médico. Na Paraíba, há uma forma peculiar de contratação, denominada “codificação”. Trata-se de um vínculo inconstitucional, estabelecido sem assinatura de contrato, por meio do qual o médico recebe por produção e sem garantia de direitos. O objetivo do presente artigo é discutir a precarização do trabalho médico no estado da Paraíba por meio da codificação e suas implicações bioéticas. O texto traz resultados de análise de dados disponíveis no Portal da Transparência do Tribunal de Contas do Estado. Os dados revelam que, no momento da pesquisa, 1.474 médicos trabalhavam na rede estadual de saúde, sendo 716 (48,6%) concursados e 758 (51,4%) codificados. Dentre os codificados, 55,8% são homens (p=0,001), 67,1% trabalham na Zona da Mata Paraibana (p=0,021), e mais de um terço presta serviços para o estado como clínicos. Conclui-se que a codificação é uma forma ilegal de contratação, e que é preciso resgatar o valor social do médico e a dignidade humana, para que a estabilidade desses trabalhadores e a formação de vínculo com os usuários não sejam prejudicadas.

Keywords