Revista de Administração IMED (Dec 2015)

“Eu me sinto um brasileiro no Japão e um japonês no Brasil”: as relações de trabalho de um casal Dekassegui

  • Ana Aldivonir Delfino Lopes,
  • Tatiana Aguiar Porfírio de Lima,
  • Alice Gerlane Cardoso da Silva,
  • Diogo Henrique Helal

DOI
https://doi.org/10.18256/2237-7956/raimed.v5n3p217-227
Journal volume & issue
Vol. 5, no. 3
pp. 217 – 227

Abstract

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Considerando que as relações de trabalho estão inseridas culturalmente na sociedade, o objetivo deste artigo consiste em compreender os significados culturais atribuídos às experiências de trabalho, sob a perspectiva de um casal dekassegui. Para estudar a interação entre esses dois fenômenos sociais, quais sejam, cultura e relações de trabalho, utilizou-se a conceituação desenvolvida por Fischer (1987). A autora afirma que há três instâncias que determinam os padrões de relações de trabalho – a política, a organização do processo de trabalho e a política de recursos humanos. E, para alcançar um melhor entendimento das perspectivas e visões de mundo dos entrevistados acerca desses fenômenos, realizou-se um estudo qualitativo básico com base em histórias orais de vida e entrevistas em profundidade. A partir dos dados da pesquisa, observou-se que a cultura japonesa atribui ao trabalho os significados de independência, disciplina, hierarquia e eficiência. E os descendentes, em experiência de trabalho no Japão, caracterizam-no como desiguais precários e culturalmente distintos. Assim, é possível afirmar que os dekasseguis se sentem brasileiros no Japão, pela condição de minoria étnica e desigualdade no trabalho, e japoneses no Brasil pelos hábitos e costumes diferentes, fortalecendo o sentimento de desenraizamento.