Navegações: Revista de Cultura e Literaturas de Língua Portuguesa (Jan 2017)
A construção da memória da Guerra Colonial em Os cus de Judas, de Lobo Antunes = The construction of the Colonial War memory in Os cus de Judas, of Lobo Antunes
Abstract
O presente artigo analisa o romance Os cus de Judas, de autoria do escritor português António Lobo Antunes quanto à sua particularidade em estabelecer a construção de uma memória coletiva sobre a Guerra Colonial. Segundo romance do autor, publicado em 1979 em um contexto pós-colonial apenas quatro anos após a Revolução dos Cravos, a narrativa remete à abordagem da exploração da experiência do autor durante sua participação na Guerra Colonial, em Angola, no início da década de 70. Após a Revolução dos Cravos, em abril de 1974, a sociedade portuguesa tenta apagar o passado traumático ligado à guerra e ao Estado Novo a fim de iniciar um movimento de superação de seu passado problemático e aproximar-se da Europa. A produção ficcional apresenta-se como possibilidade de interpretação da dinâmica política e social existente na construção de um novo Portugal após a Guerra Colonial, a Revolução dos Cravos e a descolonização dos territórios ultramarinos. A literatura assume um papel de destaque no Portugal pós-colonial, pois almeja a construção de uma memória coletiva sobre os últimos capítulos do império português