Revista Linguística (Nov 2022)
A cartografia dos pronomes resumptivos pessoais da construção de sujeito duplo do português brasileiro: uma proposta sincrônica
Abstract
Este artigo articula uma proposta de análise cartográfica e de caráter sincrônico para as sentenças formadas por um sujeito pré-verbal duplicado por um pronome pessoal resumptivo (SD) do português brasileiro (PB). Parte-se da tese já abordada na literatura (cf. COSTA; DUARTE; SILVA, 2004; QUAREZEMIN, 2019, 2020; entre outros trabalhos) de que, nessa língua, os constituintes iniciais de tais sentenças não são necessariamente topicalizados, podendo, ainda, se situar no domínio argumental. Assume-se, em concordância com Quarezemin (2019, 2020) e Krieck (2022), que esses constituintes não topicalizados ocupem Spec,SubjP, configurando-se, portanto, como sujeitos sentenciais default. A partir de tal premissa, é assumido que o pronome resumptivo manifesta comportamento heterogêneo ao longo da sorte de sentenças de SD do PB, dependendo da posição ocupada pelo elemento inicial e de outras condições gramaticais envolvidas. As peculiaridades que caracterizam os pronomes resumptivos permitem que sejam assim categorizados, em acordo com a tripartição pronominal proposta em Cardinaletti e Starke (1994): como pronomes fortes ou fracos, em face de um DP inicial à esquerda, e como pronomes fracos ou clíticos, quando esse elemento ocupa uma posição interna a IP. Sob tal concepção, este trabalho propõe que a classe em que o elemento resumptivo se enquadra define a posição ocupada por esse na estrutura, de tal forma que: (i) pronomes resumptivos fortes ocupem Spec, SubjP, podendo, muito restritamente, se situar à esquerda; (ii) pronomes resumptivos clíticos ocupem a posição nuclear Subj°; e (iii) pronomes resumptivos fracos figurem em Spec, TP. Com base nessa análise, são delineados, ainda, os distintos processos de formação estrutural que subjazem a produção de tais sentenças.
Keywords