Cadernos de Saúde Pública (Oct 2020)

Diferenças por sexo e idade no preenchimento da escolaridade em fichas de vigilância em capitais brasileiras com maior incidência de dengue, 2008-2017

  • Lucas Melo Guimarães,
  • Geraldo Marcelo da Cunha

DOI
https://doi.org/10.1590/0102-311x00187219
Journal volume & issue
Vol. 36, no. 10

Abstract

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O Brasil figura entre os países com o maior número de casos de dengue no mundo. Sistemas de notificação são fundamentais para acompanhar a evolução do agravo, porém são pouco preenchidos. O conhecimento do nível educacional dos indivíduos é importante para o entendimento do papel da desigualdade social no risco de adoecimento. O objetivo deste artigo é descrever o preenchimento da escolaridade nas fichas de notificação para dengue disponibilizadas pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) entre 2008 e 2017, por sexo e faixa etária, entre as capitais das regiões Nordeste e Sudeste do país. O desfecho de interesse foi o preenchimento da variável escolaridade. As probabilidades preditas de preenchimento da escolaridade foram obtidas utilizando-se modelos logísticos multiníveis. Esse preenchimento foi baixo nas capitais, sendo em oito delas inferior a 30% no período. A chance de ter a escolaridade preenchida decresceu com o avançar da idade, independentemente do sexo e do ano. Mulheres com até 60 anos apresentaram maiores chances de preenchimento da escolaridade que os homens. De um modo geral, os homens registraram 9% menos chances de ter a escolaridade preenchida do que as mulheres. No modelo com interação houve uma intensificação da diferença, ou seja, houve uma piora no preenchimento com o progredir da idade, principalmente entre as mulheres. Diante do exposto, o mau preenchimento das fichas favorece a geração de dados deficientes e duvidosos, e a escolaridade, embora pouco valorizada no ato do preenchimento, tem importância central nesta conjuntura.

Keywords