Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA SECUNDÁRIA À SÍNDROME MIELODISPLÁSICA COM CARIÓTIPO COMPLEXO E MUTAÇÃO TP53: RELATO DE CASO

  • ML Viana,
  • DPR Porto,
  • LD Napoleão,
  • CC Peixoto,
  • NM Rocha,
  • SBB Duarte,
  • VA Silva,
  • GMB Araújo,
  • MD Magalhães

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S452 – S453

Abstract

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Introdução: As Síndromes Mielodisplásicas (SMD) são doenças hematológicas clonais da medula óssea, caracterizadas por produção inadequada de células sanguíneas e alterações na medula óssea. O prognóstico das SMD é influenciado por fatores como anomalias cromossômicas e a presença de células blásticas, além das características individuais dos pacientes. Cerca de 20% a 25% dos casos podem evoluir para Leucemia Mieloide Aguda (LMA). Relato de caso: Paciente, sexo masculino, 75 anos, previamente hipertenso em uso de losartana e hidroclorotiazida procurou atendimento devido a astenia, indisposição, fadiga, inapetência e febre vespertina associada a um quadro de bicitopenia (Anemia + Leucopenia) há 6 meses. Exames: 20/08/2022: Hemácias 2,07; Hemoglobina 7,1; Hematócrito 21,7; VCM 104; RDW 16,5; Leucócitos 5830 (53% Segmentados, 47% de linfócitos); plaquetas 48.000. Foi extensamente investigado, sorologias (hepatite B, C, HIV, HTLV, VDRL) negativas. Função tireoidiana normal. FAN não reagente. Fator reumatoide não reagente. Eletroforese de proteínas sem pico monoclonal. Realizado mielograma com seguinte resultado: displasia multilinhagem com 4% de blastos e presença de sideroblastos em anel. Cariótipo hematológico: 46,XY,del(5)(q11.2),del(7)(q11.2q32),+8,add(8 (q24.3),der(10)t(10;12)(q22;q15),-12,add(15) (q22),del(16)? (q12-13),add(17)(p11.2)[6]/44, idem,-3,-add(8)[4]/45,idem,-3,-add(8),+mar[1]/45, idem,-3,-add(8),+? 22[1]/47,XY,+8,t(8;13) (p11.2;q12)[1]/46,XY,t(2;14)(p11.2;q32)[1]/ 46,XY[6]. Biópsia de medula óssea compatível com mielodisplasia. Realizado painel genético para neoplasia mieloide (NGS) e identificado mutação TP53. Iniciado quimioterapia com Decitabina. Paciente evoluiu com melhora das citopenias, sem novos episódios de febre. Hemograma após 5 ciclos: 20/03/2023: Hemácias 2,97; Hemoglobina 8; Hematócrito 24; VCM 81; RDW 12; Leucócitos 4400 (Segmentados 38%, Eosinófilos 2%, Linfócitos 57%, Monócitos 3%); Plaquetas 66.000. Em outubro de 2023, o paciente apresentou piora clínica, com novos episódios de febre, disfunção renal, queda da hemoglobina e contagem de plaquetas. Realizado novo mielograma com imunofenotipagem com resultado de 78,3% de blastos mieloides (CD45++ / MPO- / CD34-/+(23%) / CD117+ /HLADR++ / CD13-/++ / CD33+ / CD71- / CD7++ / CD19- / CD11b- / CD16- /CD64- / CD14- / CD35- / IREM-2- / CD36- / CD10- / CD105- / cCD79a- /cCD3- / CD3-) compatível com LMA. Paciente evoluiu com piora rápida, rebaixamento sensório com necessidade de intubação orotraqueal e terapia de substituição renal com óbito 1 semana após o diagnóstico. Discussão: A LMA secundária é frequentemente associada a um cariótipo complexo e mutações genéticas específicas, como a TP53, de modo a refletir em uma instabilidade genômica além de fornecer insights sobre a evolução clonal da doença. O cariótipo complexo é uma característica comum em LMA secundária a SMD e é definido por mais de três anomalias cromossômicas. Tais anomalias estão associadas a um pior prognóstico, como evidenciado nesse relato. Conclusão: Este relato de caso ilustra os desafios no tratamento da LMA secundária a SMD, exacerbados por um cariótipo complexo e mutação TP53. Essas características genéticas complicaram o diagnóstico e tratamento, oferecendo insights sobre a agressividade da doença e a necessidade de abordagens terapêuticas personalizadas. Os achados reforçam a importância da avaliação genética e do desenvolvimento de estratégias de tratamento específicas.