Revista Iberoamericana de Bioética (Nov 2021)

Potter e o equilíbrio do ecossistema como fundamento da moralidade da bioética

  • Anor Sganzerla,
  • Diego Carlos Zanella,
  • Verônica Graeser

DOI
https://doi.org/10.14422/rib.i17.y2021.001
Journal volume & issue
no. 17
pp. 01 – 13

Abstract

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O pensamento ético privilegiou a centralidade do ser humano até o século XX. Historicamente, a vida do ecossistema sempre foi considerada um campo alheio à moralidade e as explicações mecanicistas da vida justificavam tais escolhas. Essa visão de mundo revelou-se extremamente prejudicial, pois ela promoveu em desequilíbrio do ecossistema e permitiu o ser humano agir sobre a natureza sem parâmetros morais, e, com isso, a própria sobrevivência humana no futuro ficou ameaçada. A bioética de Van Rensselaer Potter identificou a necessidade de resgatar e ampliar a dimensão ambiental de modo a incluir também sob a proteção ética a totalidade da vida da biosfera. Frente a esse cenário, pergunta-se: ao fundamentar a moralidade da bioética a partir do equilíbrio do ecossistema, de modo a garantir a sobrevivência humana futura, Potter conseguiu superar a tradicional visão antropocêntrica da ética? Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, de caráter analítico-interpretativo. Primeiramente, buscou-se analisar como Potter, inspirado em Aldo Leopold, resgatou e ampliou a dimensão ética de modo a incluir também a natureza. Em seguida, buscou-se fundamentar a escolha de Potter pelo equilíbrio do ecossistema como fundamento da moral, e não no reconhecimento do valor intrínseco de cada vida individual. Conclui-se que a bioética potteriana, para afastar-se do antropocentrismo ético, buscou recuperar uma sabedoria ancestral, fundamentada na ideia de um equilíbrio do ecossistema e, nesse equilíbrio Potter encontrou a sabedoria biológica para fundamentar a moralidade da bioética, mesmo tendo incorrido na falácia naturalista.

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