Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia (Nov 2019)
O modelo de escola que temos prepara os jovens para viverem na sociedade atual?
Abstract
Sociedade pós-moderna, pós-industrial, sociedade líquida, pós-humano, hiperesfera, inteligência artificial, Web 3.0, indústria 4.0, sociedade do cansaço, ambientação em Marte. Em meio a esta convulsão social, urge refletir sobre o papel da instituição escola na atualidade. Será que ela cumpre sua função primeira, a saber, preparar os jovens para inserção no mundo do trabalho e desenvolver uma consciência social? Como auxiliar as futuras gerações a enfrentar os enormes desafios que se apresentarão em um modelo social que ainda não conhecemos, num mundo no qual a única certeza é a incerteza, onde tudo que era sólido se liquefez? Será suficiente a integração das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação - TDIC nos currículos para que a escola possa resolver os incomensuráveis problemas que enfrenta? Morin afirma que “os homens sempre elaboram falsas concepções de si próprios, do que fazem, do que devem fazer, do mundo onde vivem”. Desta maneira, caberia à escola desvendar a ilusão e ter a coragem de praticar a parresía dos gregos que significa ter a coragem de dizer a verdade sobre si mesmo. A escola deverá ter a coragem de enxergar a si mesma, percebendo suas fragilidades. O modelo árvore, sequencial, linear, imposto ao longo dos tempos já não contempla uma sociedade rizomática, na qual há a multiplicidade dos múltiplos. O mundo jamais será igual após o advento das TDIC. A inteligência artificial e a simbiótica relação entre homem e máquina mudarão radicalmente a maneira de o humano ser, estar e perceber o mundo. Não haverá como o homem competir com a máquina. Desta maneira, não caberá à escola formar tecnocratas para o mundo do trabalho, mas resgatar aquilo que o humano tem de melhor, que é sua subjetividade, sua capacidade de sentir, sua singularidade, sua unicidade em meio à multiplicidade.
Keywords