Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

EP-274 - ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DOS CASOS DE FEBRE OROPOUCHE NO BRASIL NO ANO DE 2024

  • Pedro Henrique Gregio Cazanova,
  • Antonio Sérgio Mathias,
  • Beatriz Garcia Rocha,
  • Matheus Ferreira Martins,
  • Caroline Costa Tuma,
  • Victoria M. Bernardes,
  • Arthur Lotufo Estevam de Farias Silva,
  • Henrique Bulgarelli Dora,
  • Giovana Sapienza Muro,
  • Valéria de M. Silveira Telles

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 104182

Abstract

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Introdução: A febre oropouche é uma arbovirose causada pelo vírus Oropouche (OROV) que é transmitida, principalmente, pela picada do mosquito Culicoides paraenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. No ciclo urbano, o mosquito Culex quinquefasciatus também pode atuar como vetor da doença. Os primeiros casos no país foram notificados durante a construção da rodovia Belém-Brasília, nos anos de 1950 e desde então, surtos esporádicos foram relatados em alguns estados da região amazônica. A doença manifesta-se como um quadro febril agudo, similar ao causado pela dengue, associado a sintomas como cefaleia, mialgia, artralgia, mal-estar, tontura, náuseas e vômitos, sendo um desafio distinguir a febre oropouche de outras arboviroses comuns no Brasil. Dessa forma, o diagnóstico deve considerar o uso de exames laboratoriais específicos, sejam eles sorológicos ou moleculares, como o RT-PCR. Geralmente a doença é autolimitada e seu tratamento baseia-se no uso de sintomáticos. Objetivo: Analisar e identificar o perfil epidemiológico da febre oropouche no Brasil e compreender o aumento do número de casos no ano de 2024. Método: O estudo foi desenvolvido com base na análise do Informe Semanal sobre Arboviroses do Centro de Operações de Emergências do Ministério da Saúde (MS) publicado em 25 de abril de 2024. Resultados: Em 2023, 835 amostras tiveram diagnóstico laboratorial detectável para o vírus Oropouche no Brasil. Em 2024, foram notificados 3.861 casos confirmados entre as semanas epidemiológicas 01 e 16, sendo 2.791 no Amazonas, 734 em Rondônia, 154 na Bahia, 139 no Acre, 28 no Pará, 10 no Piauí e 05 em Roraima. A maioria dos casos tiveram como local provável de infecção os estados localizados na região amazônica, inclusive aqueles notificados em outras regiões, em pessoas que visitaram esses estados. No entanto, a transmissão em estados extra-amazônicos, como Bahia e Piauí, foi notificada pelo MS em 2024. Conclusão: Os casos de febre oropouche concentram-se, ainda hoje, nos estados da região amazônica, apesar do potencial crescente em expandir sua distribuição no país. Dessa forma, o aumento do número de casos em relação aos anos anteriores pode refletir o impacto das mudanças climáticas e do desmatamento nessas regiões, assim como a melhora nos sistemas de vigilância e diagnóstico das arboviroses no Brasil.