Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)
CARACTERIZAÇÃO DE MODELO ANIMAL MURINO PARA GVHD BASEADO EM XENOTRANSPLANTE
Abstract
A doença do enxerto contra hospedeiro (do inglês Graft versus Host Disease, GvHD) é um efeito adverso do transplante de células-tronco hematopoiéticas (HSC). Neste caso, as células provenientes do enxerto de HSC reconhecem o hospedeiro como non-self e passam a atacá-lo. A doença é caracterizada por ciclos de cytokine storms e ação citotóxica linfocitária no intestino, fígado e pele. Sabe-se que é possível mimetizar o GvHD em modelos murinos com irradiação e xenotransplante de células mononucleares do sangue periférico humano (PBMC). Assim, o objetivo deste trabalho é padronizar um modelo murino para uso como modelo pré-clínico para otimização de protocolos de terapias celulares para tratar o GvHD. Os camundongos imunodeficientes (n = 20) do tipo NOD. Cg-Prkdcscid Il2rgtm1Wjl/SzJ (NSG), machos com 11 semanas de idade foram divididos em quatro grupos: animais não irradiados e sem infusão de PBMC (CTRL, n = 4); animais irradiados com 2Gy e sem infusão de PBMC (IRR CTRL); animais irradiados com 2Gy e com infusão de 1 x 106 PBMC (IRR1, n = 6) e 2,5 x 106 PBMC (IRR2,5). Após 24 horas da irradiação, os animais receberam infusão de PBMC via plexo retro-orbital. Durante 15 dias, foi utilizado um sistema de pontuação comportamental que relaciona: perda de peso, postura, atividade física, integridade da pele e aparência do pelo. Adicionalmente, avaliou-se taxa de sobrevivência e a presença de células humanas por citometria de fluxo. Em geral, em relação ao CTRL, os animais CTRL IRR demonstraram perda de peso gradativa, postura semiarqueada e pequena redução na motilidade. Os camundongos IRR1 e IRR2,5 demonstraram perda de peso rápida, postura arqueada e baixa ou quase nenhuma motilidade. A pelagem em reflexo aos tratamentos se demonstrou mais opaca e eriçada. Não foram observadas alterações visíveis na pele. A pontuação total de parâmetros observados demonstrou que estes grupos apresentaram comportamento predominantemente normal (pontuação total (pt) = 1) após 8 dias de transplante. Dentro deste período a taxa de sobrevivência foi 70-80%. De 9 a 15 dias, CTRL IRR mostrou um perfil levemente anormal (pt = 4) com sobrevivência de 50%. Já IRR1 foi levemente anormal até o dia 12 (pt = 4) e depois disso anormal (pt = 7) e a sobrevivência de 50% e 30%, respectivamente. Para IRR2,5, o comportamento foi anormal já em 10 dias (pt=6) e a sobrevivência caiu para 30% neste período. Nos dias 11 e 15, IRR1 e IRR2,5, respectivamente, tinham apenas um animal. Nestes dois pontos, um animal de cada grupo foi eutanasiado para análise de células humanas em sangue periférico. Para 106 eventos adquiridos, os resultados demonstraram 5,25% e 2,26% de células positivas para CD3 humano, no dia 11, nos grupos IRR1 e IRR2,5, respectivamente. Para o dia 15, foram encontrados 0,8% em IRR1. Os resultados demonstraram comportamento compatível de animais com GvHD (perda de peso, pouca motilidade e pêlo eriçado) e que a infusão de 1x106 PBMC garante a presença de células por pelo menos 15 dias. Adiante, fígado, intestino, rim e pulmão serão investigados quanto a presença de infiltrados linfocitários e perfil de expressão de IFN- pós-transplante. Financiamento: CTC-Fapesp; INCTC-CNPq; CAPES; FUNDHERP.