Letras de Hoje (Jan 2004)
Benveniste, um lingüista que interessa à clínica de linguagem
Abstract
O presente artigo apresenta minhas reflexões acerca da obra benvenisteana priorizando questões que ajudem a iluminar a especificidade da clínica de linguagem. De acordo com Benveniste, não se pode apreender na língua um objeto simples, suscetível de uma compreensão total. É particularmente por esse viés que pretendo bordejar uma concepção de linguagem que seja alicerce na clínica de linguagem, ou seja, parto do princípio da impossibilidade de uma apreensão total da língua. Desde essa concepção de um não-saber total sobre a língua, discutimos a relação do homem com a linguagem. Segundo Benveniste, não se concebe o homem separado da linguagem, ela é constitutiva da sua natureza. Portanto ser humano significa ser na linguagem. Essa definição marca uma decisão teórica que não é sem efeitos para a clínica de linguagem. Essa perspectiva teórico-clínica terá conseqüências ao analisarmos o modo ímpar com que cada sujeito apropria-se da língua. E isso implica necessariamente descartarmos uma pré-concepção da forma com que cada sujeito toma lugar na rede enunciativa