Revista de Ciências Agrárias (Jan 2007)
Estudo histológico sobre a formação de raízes adventícias em estacas caulinares de oliveira (Olea europaea L.): A histological evaluation Adventitious rooting in olive (Olea europaea L.) cuttings
Abstract
Mesmo quando estimulada pela aplicação exógena de reguladores de crescimento, a capacidade de enraizamento da oliveira, por estacaria semi-lenhosa, encontra-se muito dependente do genótipo utilizado. É assim possível encontrar cultivares como a ‘Cobrançosa’, onde se atingem sem dificuldade taxas de formação de raízes adventícias próximas dos 70%, e cultivares como a “Galega vulgar”, onde só muito esporadicamente se conseguem ultrapassar os 10% de estacas enraizadas. Este trabalho apresenta os resultados preliminares de um estudo de histologia comparativa entre as cultivares de Olea europaea referidas. Procuraram-se diferenças tanto na anatomia do caule como na ontogénese das raízes adventícias, que pudessem ajudar a compreender a diferença de comportamento de duas cultivares relativamente ao enraizamento por estacaria semi-lenhosa. Das observações que até agora foi possível efectuar, constatou-se que a anatomia do caule na zona de formação das novas raízes adventícias não difere significativamente, apresentando no entanto qualquer uma das cultivares em estudo um anel de esclerênquima, mais ou menos continuo, que poderá actuar como uma barreira mecânica ao normal desenvolvimento das raízes. Relativamente às regiões ontogenicamente activas, as observações efectuadas permitiram constatar que na “Cobrançosa” as novas raízes têm origem nos tecidos situados na proximidade do câmbio vascular, enquanto que na ‘Galega vulgar’, são as células parenquimatosas do recém formado calo de cicatrização que estão na origem dos campos morfogénicos da raiz. Esta aparente diferença entre os tecidos envolvidos no processo de desdiferenciação e reaquisição do estado meristemático primário, condição essencial para a formação dos novos meristemas radicais, é mais um contributo que, esperamos, possa ajudar a compreender as grandes diferenças observadas na capacidade de enraizamento destas cultivares, por este método de propagação vegetativa.Even when stimulated by application of exogenous growth regulators, the ability for adventitious root formation in olive remains highly genotype dependent. When semi-hardwood cuttings are used as propagation material, it’s possible to find cultivars like ‘Cobrançosa’, where it is easy to achieve 70% of adventitious root formation, and cultivars like ‘Galega vulgar’, where 10% of rooting it is very difficult to exceed. Preliminary results of a comparative histological study between the above-mentioned Olea europaea cultivars, looking for differences, both in the stem anatomy and in tissues involved in adventitious root ontogenesis, are now presented. Concerning stem anatomy, the results achieved so far, allow to conclude that no significant differences were observed between the cultivars, both presenting a sclerenchymal ring, that may act as a mechanical barrier to the adventitious root development. The observations made of the ontogenically active regions, showed that in ‘Cobrançosa’ the new roots emerge in the vascular cambium or in the adjacent tissues, whereas in ‘Galega vulgar’ the parenchyma cells of the callus are the ones involved in the appearing of roots morphogenic fields. This significant difference observed between the kind of tissues that are involved in the process of cell des-differentiation and reacquisition of a primary meristematic condition, which is crucial to allow the formation of new root meristems, it’s probably correlated with the great differences observed in the rooting ability of semi-hardwood cutting of this olive cultivars.