Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Jan 2023)
Substituição de medicamentos biológicos no tratamento de pacientes com artrite reumatoide assistidos em um centro de infusão de um hospital universitário em Salvador-BA
Abstract
Introdução: A Artrite Reumatoide (AR) é uma doença autoimune caracterizada pela inflamação das articulações, que pode provocar deformidades e afetar outros tecidos e órgãos. Os medicamentos biológicos representam um grande avanço no tratamento da AR. Estudos apontam que os biológicos disponíveis apresentam perfis de efetividade e segurança semelhantes. A gama de alternativas de tratamento torna possível a substituição de um biológico por outro em caso de falha terapêutica, reação adversa ou outros motivos. Nesta perspectiva, o estudo teve por objetivo caracterizar os motivos e estratégias de substituição entre biológicos no tratamento de pacientes com AR assistidos em um Centro de Infusão de um Hospital Universitário de Salvador-BA. Métodos: Estudo observacional transversal, com coleta de dados retrospectiva, realizada entre junho e agosto/2018. Foram avaliados os registros de acompanhamento farmacêutico dos pacientes, utilizando formulário estruturado para coleta dos dados sócio-demográficos e histórico de tratamento. Foi usada estatística descritiva simples, com frequências absolutas, percentuais e médias. Aprovado pelo Comitê de ética do HUPES sob o número CAAE 89660418.8.0000.0049. Resultados: Dos 326 pacientes com AR em uso de biológicos assistidos, 152 (46,6%) já utilizaram mais de um biológico. Destes, 128 (84,2%) são do sexo feminino. A média de idade foi de 51,7 anos. 76 pacientes (50%) já utilizaram dois biológicos diferentes; 48 (31,6%) três biológicos; 23 (15,1%) quatro biológicos; quatro pacientes (2,6%) já utilizaram cinco biológicos diferentes. Foram realizadas, no total, 258 substituições de tratamento. Destas, a maioria (64,7%) ocorreu devido à falha secundária, quando, após resposta satisfatória inicial, há recidiva da doença. Reações adversas ao medicamento foram a segunda causa de substituição (18,6%), seguida por falha primária (9,3%), quando não há resposta satisfatória inicial. Em 3,9% dos casos, não houve registro do motivo da substituição. 2,7% das substituições ocorreram devido a outros motivos (maior comodidade posológica, viagem, motivos pessoais). O Infliximabe foi o tratamento de primeira escolha em 40,1% dos casos; seguido por Adalimumabe (22,4%), Etanercepte (27%), Golimumabe (6,6%); Tocilizumabe (2%) e Abatacepte (1,3%). Em 58% dos casos, na segunda etapa do tratamento foi prescrito um novo Anti-TNF, sendo o Adalimumabe o biológico mais prescrito (26,3%). Na terceira etapa de tratamento, em 70,7% dos casos houve substituição por um biológico de mecanismo diferente (não Anti-TNF), sendo abatacepte o biológico mais prescrito (30,7%). Na quarta etapa de tratamento, apenas 14,8% dos pacientes utilizavam Anti-TNF. Tocilizumabe foi o medicamento mais prescrito (33,3%). Conclusão: A substituição entre biológicos é uma prática comumente adotada, sendo que no grupo analisado a falha secundária ao tratamento foi o principal motivo de substituição.