Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO POR ANEMIAS CARENCIAIS NO ESTADO DO ACRE, ENTRE 2011 A 2020: UMA ANÁLISE NA POPULAÇÃO PEDIÁTRICA

  • TRJ Gonçalves,
  • ALPS Guimarães,
  • MS Bandeira,
  • EA Teles,
  • AM Pereira,
  • YPD Santos,
  • SS Gomes,
  • MGA Nascimento,
  • TS Oliveira,
  • CF Mendes

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S20 – S21

Abstract

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Objetivos: Analisar e descrever o perfil clínico-epidemiológico dos quadros de anemias carenciais na população pediátrica acreana entre 2011 a 2020. Materiais e métodos: Estudo de série temporal, de base populacional utilizando-se dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) entre 2011 e 2020, referentes ao número de internações, com ênfase na idade de 0 a 19 anos, disponíveis no Departamento de Informática do SUS (DATASUS), tabulados com auxílio do programa Excel. Resultados: Na população etária de 0 a 19 anos do Acre, a prevalência se dá no sexo masculino, sendo esse um padrão que se repete em outros estados da região Norte (Amapá, Amazonas, Rondônia e Tocantins). Já em relação à cor/raça, identifica-se no Acre prevalência na população parda, seguida da população indígena, amarela e branca. Quanto ao perfil clínico, cerca de 62,84% são anemias carenciais, o que se encontra acima da média nacional; a morbidade hospitalar no estado, contudo, tem incidência maior entre outras anemias (como a falciforme). Discussão: Presença da anemia torna-se um problema de saúde pública, dado que, no Brasil, é uma das principais deficiências nutricionais na infância e adolescência, com a prevalência da anemia por deficiência de ferro (ADF), relacionada à desnutrição, além de outros fatores como sangramento gastrointestinal, maior demanda por micronutrientes, diminuição da absorção dos nutrientes envolvida com as parasitoses. Esse último fator, apresenta uma importância na Região Norte, em que há uma prevalência de parasitoses de 98,11%, vinculado, principalmente, à falta de saneamento básico e práticas inadequadas de higiene e alimentação presentes nessa região do país. Isso, estende-se para as vulnerabilidades sociais, econômicas e culturais encontradas nas populações parda e indígena, mesmo que ainda possa haver subnotificações. A discreta diferença da anemia entre os sexos segue o padrão de outros estudos na população pediátrica, embora já evidenciado a associação da deficiência de ferro em pré-escolares da Amazônia Ocidental brasileira com o sexo masculino, incluindo possíveis fatores como a maior atividade da eritropoiese na vida fetal, as reservas e absorção de ferro reduzidas e maiores perdas intestinais. O fato das anemias nutricionais, frequentemente, serem assintomáticas ou com sintomas inespecíficos, dificulta o rastreio e diagnóstico precoce na população pediátrica, principalmente, em estados que apresentam menor desenvolvimento. Conclusão: na região Norte, destaca-se a anemia nutricional, com prevalência de deficiência de ferro associada à presença marcante de parasitoses intestinais em crianças e adolescentes. Essa situação destaca a necessidade de discutir as condições de saneamento básico e assistência socioeconômica na região, especialmente em estados como o Acre. É essencial compreender as diferentes situações dentro da região para desenvolver políticas públicas para combater e prevenir a anemia na população pediátrica.