Convergência Lusíada (Aug 2017)
Notícias do abismo: Mário de Sá-Carneiro e A confissão de Lúcio
Abstract
Em A confissão de Lúcio (1914), Mário de Sá-Carneiro avalia todas as personagens através de uma escala rigorosa: entre o grau zero da desprezível burguesia e o ponto inefável do artista, Ricardo, Lúcio, Gervásio oscilam, como uma dolorosa “qualquer coisa de intermédio”. Se ninguém se pode furtar a ser avaliado nessa hierarquia, cada personagem deve, contudo, inventar um ponto de fuga, um contágio, a continuidade de si próprio num outro. Em suma, escrever-se outro – ou mesmo sacrificar a escrita à experiência superior do silêncio.