Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)
EP-163 - SARCOMA DE KAPOSI E AIDS: ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS EM UM CENTRO HOSPITALAR NO CEARÁ
Abstract
Introdução: Apesar da baixa incidência global, o Sarcoma de Kaposi (SK) persiste como a forma mais comum de câncer entre as pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA). Estima-se que a incidência de SK em PVHA seja de 3,0 casos por 1.000 pessoas-ano, na América Latina. Objetivo: Descrever as características clínicas e epidemiológicas do SK associada à aids em um centro hospitalar no Ceará, no período de 2012 a 2022. Método: Estudo transversal de pacientes atendidos no Hospital São José de Doenças Infecciosas, com diagnóstico de SK e adis, no período de 2012 a 2022. Os dados foram coletados através da revisão de prontuários. A análise estatística foi realizada por meio do software STATA 18.0. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da instituição (n° 5.969.971). Resultados: No período do estudo foram incluidos 123 pacientes com SK e aids. A maioria dos pacientes tinham idade acima de 25 anos (86,2%), e eram homens (96,7%). O tempo de infecção pelo HIV foi menor ou igual a seis meses em 67,5% dos indivíduos. O acometimento cutâneo ocorreu em 89,4% dos pacientes, e de mucosas em 44,7%. Lesões cutâneas em forma de placas (30,1%) e nódulos (25%) foram as mais frequentemente reportadas. A distribuição das lesões cutâneas ocorreram, principalmente, em tronco (69,1%), membros inferiores (62,7%) e membros superiores (61%). Acometimento do trato gastrointestinal ocorreu em 56,9% dos indivíduos. O estômago foi o órgão mais acometido (88,1%), seguido do duodeno (55,2%) e esôfago (44,8%). Sintomas respiratórios ocorreram em 54,4% dos casos. A maioria dos pacientes apresentavam índice de karnofsky menor que 80 (67,5%), e um alto risco ao estadiamento (58,5%). A mediana dos linfócitos T CD4 foi de 57,5 (23-122) céls/mm3, e do Log da carga viral do HIV de 4,15 (2,15-5,4). Os tratamentos mais realizados foram terapia antirretroviral (TARV) em 52% dos casos, e TARV associada à quimioterapia em 46,4%. Dois pacientes (1,6%) não receberam tratamento para o SK. Óbito ocorreu em 64,2% dos indivíduos. Conclusão: O SK associada à aids acomete, principalmente, homens com imunossupressão avançada. Desfecho desfavorável foi observado na maioria dos pacientes, sugerindo a necessidade de rastreamento precoce de SK em pessoas com diagnóstico tardio de infecção pelo HIV.