Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

PADRONIZAÇÃO DE TÉCNICA EM MICROPLACA PARA DETECÇÃO DO ANTÍGENO DIEGO A EM AMOSTRAS DE DOADORES DE SANGUE

  • ALA Mafra,
  • PF Araújo,
  • TF Silva,
  • HMFR Ferreira,
  • NC Azevedo,
  • LA Coelho,
  • FGU André,
  • WR Mesquita,
  • ECA Pinheiro,
  • DFM Mühlbeier

Journal volume & issue
Vol. 43
p. S325

Abstract

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Introdução: O Sistema de grupo sanguíneo Diego é composto atualmente por 23 antígenos eritrocitários, sendo os antitéticos Diegoa (Dia) e Diegob (Dib) os antígenos de maior importância clínica. O Dib possui alta prevalência populacional, enquanto o Dia possui baixa prevalência na maioria das populações, embora apresente ocorrência variada em algumas populações, como as indígenas e as asiáticas. Os anticorpos anti-Dia e anti-Dib são da classe IgG e estão envolvidos em casos de doença hemolítica do feto e recém nascido e em reações transfusionais hemolíticas, imediatas e tardias. Devido à variação da incidência do antígeno Dia e a escassez de estudos relacionados, em populações miscigenadas, como a brasileira, a determinação desse antígeno em doadores de sangue tem grande importância na prevenção da aloimunização eritrocitária. Objetivos: Padronizar a técnica em microplacas para detecção do antígeno Dia em amostra de doadores de sangue da Fundação Hemocentro de Brasília (FHB). Materiais e métodos: Foram incluídas no estudo 112 amostras de doadores de sangue, sendo 72 (64,3%) do grupo “O” e 40 (35,7%) do grupo “A”. Para a realização dos testes foram utilizadas microplacas em U, suspensão das hemácias-testes (3%) de doadores, plasma de doador do grupo sanguíneo “O” e “A”com anti-Dia, BioPeg, NaCl (0,9%), soro de Coombs e controles positivos e negativos (hemácias comerciais, Bio-rad e Immucor). O procedimento utilizado foi adaptado a partir da técnica em tubo, seguindo as etapas: leitura em temperatura ambiente, potencialização, lavagem e leitura em Antiglobulina Humana (AGH). Nas amostras que apresentaram resultados positivos foram feitas as confirmações pelas técnicas gel-teste e biologia molecular, por meio da Polimerase Chain Reaction em tempo real (qPCR), utilizando sondas TaqMan. Resultados: Duas amostras (1,79%) apresentaram resultado positivo para a presença do antígeno Dia. As metodologias gel-teste e qPCR confirmaram os resultados e os controles das reações foram conformes. A discriminação alélica das amostras por qPCR revelou o genótipo DI*A /DI*B e fenótipo deduzido Di(a+b+). Discussão: A determinação do antígeno Diafaz parte do desenvolvimento de estratégias para detecção de fenótipos raros na população de doadores de sangue da FHB. O fenótipo encontrado Di(a+b+) tem ocorrência descrita na literatura de menos que 0,1% em negros e caucasoides, 10% em asiáticos e 36% em índios sul-americanos. No entanto, um estudo de prevalência de aloimunização em pacientes pediátricos atendidos pela FHB, revelou uma taxa de 15,9%, destes, 17,9% alo-anticorpos anti-Dia. Esse dado demonstra que o antígeno Dia está presente na população de doadores de sangue em taxas ainda não estimadas, e que a sua detecção implica na prevenção à aloimunização eritocitária. Porém, a indisponibilidade e o alto custo do soro anti-Dia comercial dificulta esse processo, sendo necessária a padronização de técnicas alternativas. A escolha da técnica em microplacas se justifica por possuir baixo custo e por ser menos trabalhosa, se comparada à técnica em tubo, permitindo uma testagem de amostras em maior escala. Conclusão: A utilização de mais duas técnicas para confirmação dos resultados obtidos e a conformidade com os controles corroboraram a eficácia do método em microplacas padronizado. Por fim, julga-se de extrema valia a implementação de técnicas imuno-hematológicas que visem à proteção do receptor de sangue e ao consequente aumento da segurança transfusional.