Intersticios (Dec 2020)
Dor de não fazer parte, dor de não caber
Abstract
Esse texto surge a partir de diálogos entre sujeitos em dois níveis. Interessados em articular suas escutas e experiências de aprendizados outros com as teorias decoloniais, durante um espaço de formação acadêmica formal, a disciplina Imaginário e meio ambiente do Doutorado em Ciências Ambientais, propomos coletivamente rupturas entre as linguagens, legitimadas e validadas ou não, e as pedagogias, em diferentes perspectivas epistemológicas. Por isso, propomos olhar para experiências de formação vividas e, coletivamente, articular os sentidos descolonizadores que delas emanavam, primeiro no seu narrar em sala de aula, e, depois, na escrita colaborativa e bricolagem das experiências e linguagens nos estados brasileiros do Tocantins e Acre, integrantes da Amazônia Legal Brasileira. As vivências tratam das fugas na arte urbana e os fanzines como tradução de angústias do adolescer no contexto urbano de Palmas, a capital tocantinense; da regularização de territórios quilombolas, como no caso da Comunidade Mumbuca, região do Jalapão, e seu processo de alijamento; de documentário e reflexões fílmicas sobre o impacto de barragens hidrelétricas no povo indígena xerente, também no Tocantins; no aprendizado de uma equipe de pesquisa quando decide ouvir e aprender dos mais sábios como lidar com a terra, na região de Natividade e nas memórias sobre educar e ser educador de um seringueiro amazônico, documentadas por sua neta. O resultado encaminha a assunção das diversas formas de saberes ambientais pelas quais a complexidade ecológicas se produz e se expressa, abrindo brechas para a descolonização da percepção e dos processos formativos construídos nos espaços e linguagens não eurocentradas.