Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
PANORAMA ATUAL E PERSPECTIVAS FUTURAS DA TERAPIA GÊNICA NA ANEMIA DE FANCONI: UMA REVISÃO DA LITERATURA
Abstract
Objetivos: A Anemia de Fanconi (AF) é uma doença de natureza genética caracterizada por falência progressiva da medula óssea, predisposição a neoplasias malignas e anomalias congênitas. Atualmente, o transplante de medula óssea é a principal alternativa curativa da doença, entretanto este tipo de terapia apresenta diversas peculiaridades relacionadas à compatibilidade entre doador e receptor, ao risco decorrente do transplante em si e ao desenvolvimento da doença do enxerto contra o hospedeiro. Tendo isso em vista, a Terapia Gênica (TG), que consiste na correção dos defeitos genéticos relacionados à AF, surgiu como uma abordagem promissora para o tratamento da doença, e esta revisão tem o objetivo de apresentar um panorama geral da atual situação do desenvolvimento desta nova tecnologia. Material e métodos: Este trabalho se trata de uma revisão de literatura. As bases de dados utilizadas foram PubMed e Embase. Os termos utilizados para a busca foram “Fanconi Anemia” e “Gene Therapy”. Foram encontrados 75 artigos nos últimos 10 anos, com restrição de pesquisa avançada em títulos, dos quais, após avaliação dos critérios de inclusão, 8 foram selecionados pelos autores para avaliação final. Resultados: Os estudos analisados evidenciam que a TG é um tratamento promissor para a AF. Nesse contexto, diversas técnicas têm sido desenvolvidas para garantir uma terapia segura e curativa. Entre essas técnicas, o direcionamento genético para a inserção do gene ANCA em fibroblastos de pacientes, seguida da reprogramação dessas células para gerar de células progenitoras hematopoiéticas saudáveis, têm mostrado resultados promissores. Além disso, ensaios clínicos evidenciam que a combinação de filgrastim e plerixafor melhorou a mobilização de células-tronco hematopoiéticas (CTH), embora a baixa expressão de CD34 continue a ser um desafio. Estratégias de depleção de linhagem têm preservado células CD34+ limitadas em pacientes com AF, revelando potencial para melhorar os resultados do enxerto. A reversão do programa transcricional das CTH e a estabilização hematológica em pacientes com mosaicismo reverso também se destacam, oferecendo a possibilidade de influenciar positivamente o curso clínico da doença. Discussão: Os estudos demonstram que a TG pode corrigir defeitos genéticos e influenciar positivamente o curso clínico da AF. No entanto, alguns obstáculos surgem com essa abordagem, como a ocorrência de complicações, incluindo a insuficiência de medula óssea observada em alguns pacientes durante os ensaios clínicos, além da baixa expressão de CD34 em células de AF, comprometendo a eficácia da mobilização de CTH e os resultados de enxerto. É crucial o acompanhamento a longo prazo e a exploração de novas técnicas de edição genética, como o CRISPR-Cas9. Conclusão: A terapia gênica para a AF ainda enfrenta desafios significativos, incluindo a necessidade de pesquisas adicionais para entender os efeitos a longo prazo da TG. Conclui-se que a TG para AF surge como abordagem emergente com resultados encorajadores. Portanto, a continuidade das pesquisas e o monitoramento dos efeitos a longo prazo são fundamentais para transformar a TG em uma solução definitiva e eficaz para a doença.